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Mais da metade das empresas brasileiras comunicam a sustentabilidade de forma ineficiente ou oportunista

Segundo pesquisa da consultoria DOM Strategy Partners, isso faz com que os funcionários não abracem a ideia e a empresa perca a credibilidade junto ao público

por Daniel Fassa   publicado às 09:15 de 09/07/2015, modificado às 09:15 de 09/07/2015

As expressões "desenvolvimento sustentável", "sustentabilidade" e "sustentável" estão cada vez mais banalizadas, ao mesmo tempo em que se tornaram mais populares. A opinião é compartilhada por pensadores como o físico Fritjof Capra, que esteve no Brasil recentemente. Muitas empresas buscam "surfar na onda verde" para tentar transmitir valores e atitudes não condizentes com suas realidades, o chamado greenwashing.

Arte: Freepik*

Segundo pesquisa da consultoria DOM Strategy Partners, que ouviu executivos de 223 companhias de grande porte no país, 61% comunicam seus planos para o tema de forma ineficiente ou oportunista, o que faz com que os funcionários não abracem a ideia e a empresa perca a credibilidade junto ao público. Mais da metade (62%) das companhias também não inclui seu negócio principal na estratégia de sustentabilidade.

Em 79% delas o conceito de sustentabilidade fica restrito apenas a um departamento ou liderança e não permeia toda a organização. Além disso, em 74% o tema não ganhou o apoio dos comandantes e não conta com um sistema de gestão estruturado, com executivos, orçamentos, metas e responsabilidades dedicados a ele.

Falta de mensuração adequada
A falta de uma mensuração adequada dos resultados das iniciativas de sustentabilidade também é um problema que ocorre em 72% das empresas ouvidas no estudo. E, em 65% delas, a inconsistência na fixação de prioridades sobre o assunto, seja por que os objetivos são pouco factíveis ou irrelevantes, acaba gerando resultados frustrados ou prejuízos financeiros e de reputação.

Pressão social
Na mesma linha, de acordo com o levantamento, 61% dos entrevistados têm dificuldade de enxergar as oportunidades de gerar valor por meio de iniciativas sustentáveis e as adotam apenas por pressão social.

Já 39% das empresas ainda não consegue equilibrar as três dimensões da sustentabilidade (ambiental, social e econômica) e 43% não são realistas na hora de planejar as estratégias de acordo com o segmento em que atuam.

Liderança altruísta e sistêmica
Para Ricardo Voltolini, jornalista, consultor e criador da iniciativa Ideia Sustentável, os líderes de organizações apaixonados pelo tema (sustentabilidade) ainda são minoria. Na opinião dele, a paixão é justamente a característica mais importante de uma liderança sustentável. "Porque um líder apaixonado luta por ele, por suas ideias e consegue transformar a organização", argumentou.

Voltolini, que participou recentemente do seminário Ciclos, promovido pelo Sebrae em Cuiabá, também defendeu que "não há como falar em liderança sustentável sem considerar o altruísmo e o pensamento sistêmico".

*Texto original publicado por EcoDesenvolvimento.

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