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"Temos que parar de fingir estar cegos para o que acontece na Síria", diz representante da ONU

Para Pinheiro, é necessário superar o fracasso na diplomacia deixar os interesses particulares dos Estados de lado, pois “as vítimas sírias não merecem menos que isso”

por ONU Brasil   publicado às 08:00 de 24/09/2015

“A comunidade internacional não pode fingir estar cega para o ciclo que tem permitido prevalecer por tantos anos”, afirmou o presidente da Comissão de Inquérito da ONU para os crimes na Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro ao Conselho de Direitos Humanos da ONU na última segunda-feira (21). O representante usou a ocasião para alertar sobre a urgência de um “total e efetivo apoio" ao projeto que foi apresentado no mês de julho pelo enviado especial da ONU para a Síria, Staffan De Mistura, com vistas à transição política no país.

Para fugir dos combates na Síria, crianças cruzam a fronteira e buscam refúgio no Iraque. Foto: R. Rasheed/ACNUR

O plano prevê uma série de consultas e discussões com as diferentes partes da Síria em quatro grupos temáticos de trabalho: segurança e proteção para todos; questões políticas e legais; questão militar, de segurança e contraterrorismo; e continuidade dos serviços públicos, reconstrução e desenvolvimento.

Para Pinheiro, os países não podem continuar declarando apoio a um acordo político quando estão “armando combatentes, falhando na arrecadação de fundos para serviços humanitários e ficando atônitos diante da crise de refugiados”, afirmou. O representante da ONU lembra ainda que a crise de migração não é novidade no Líbano, na Turquia, na Jordânia e no Iraque.

O presidente da Comissão também citou o seu relatório publicado em 3 de setembro com as atualizações sobre as violações cometidas na Síria. Segundo dados da publicação, violações de direitos humanos estão sendo cometidas tanto pelo governo como por grupos terroristas – como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) e a Frente Al-Nusra. Para Pinheiro, é necessário superar o fracasso na diplomacia dos países e deixar os interesses particulares dos Estados de lado, pois “as vítimas sírias não merecem menos que isso”.

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