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Acordo de paz entre governo colombiano e FARC é conquista histórica, diz Ban Ki-moon

Reconhecendo que “questões importantes” ainda estão pendentes, o secretário-geral disse confiar que essa conquista dará novo impulso para a última fase das negociações

por Daniel Fassa   publicado às 10:56 de 24/06/2016, modificado às 10:56 de 24/06/2016

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, esteve em Havana (Cuba) na última quinta-feira (23) para presenciar a assinatura de um acordo de cessar-fogo entre governo colombiano e Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), durante a qual enfatizou a importância da iniciativa histórica como um exemplo de fomento da paz.

Secretário-geral participa de cerimônia de assinatura de acordo de paz na Colômbia ocorrida em Havana. Foto: ONU

“Neste dia, em um mundo assolado por guerras aparentemente intratáveis, o processo de paz na Colômbia cumpre um compromisso fundamental: um acordo de cessar-fogo e entrega de armas”, disse o secretário-geral.

“Hoje, o processo de paz colombiano valida a perseverança de todos aqueles ao redor do mundo que trabalham para acabar com o conflito violento não através da destruição do adversário, mas através da busca paciente por um compromisso “, acrescentou.

Ban expressou admiração pelas equipes que participaram das negociações e disse que elas demonstraram ser possível “atingir a paz com dignidade para todos os envolvidos”. “Eles superaram os momentos tensos e as questões desafiadoras para chegar a uma conquista histórica”, completou.

Cumprimentando os governos de Cuba e Noruega por entregar “consideráveis habilidades diplomáticas” para o processo de paz, o secretário-geral disse que eles, juntamente aos países observadores, Chile e Venezuela, mostraram como os esforços de paz nacionais podem ser apoiados com fidelidade, discrição e de forma eficaz.

Ele também lembrou que, há seis meses, o Conselho de Segurança da ONU e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) responderam a apelo do governo colombiano e das FARC, assumindo o compromisso de apoiar a implementação do acordo de cessar-fogo e entrega de armas por parte da guerrilha.

“A assinatura deste componente essencial do acordo de paz irá reforçar este compromisso. Agora, será crucial para mobilizar as pessoas e os recursos necessários para o monitoramento e verificação”, disse Ban.

Reconhecendo que as negociações de paz continuam e que “questões importantes” ainda estão pendentes, o secretário-geral disse confiar que a conquista desta quinta-feira dará um impulso renovado para a última fase das negociações.

“As expectativas são agora altas de que a visão articulada nos acordos alcançados ao longo dos últimos três anos em breve se tornará realidade. Encorajo-os profundamente a realizar essas expectativas”, disse o chefe da ONU.

“Nós das Nações Unidas estamos determinados a fazer tudo o que pudermos, juntamente ao governo e às FARC, para traduzir um processo de negociação notável em uma implementação exemplar dos compromissos de paz assumidos”, acrescentou.

Ban Ki-moon observou ainda que era um privilégio participar do evento em seu último ano como secretário-geral.

“É uma honra estar do lado de vocês ao estabelecer as bases para uma paz duradoura e um futuro melhor para todos os habitantes do país. Vamos agora trabalhar juntos para que a promessa de paz feita hoje em Havana seja cumprida na Colômbia”, disse ele.

O secretário-geral também teve uma reunião com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, durante a qual cumprimentou o governo colombiano pelo importante acordo alcançado, notando que se tratou de uma clara demonstração do compromisso das partes para chegar a um acordo final de paz em um futuro próximo. Eles também discutiram os preparativos em curso para a implantação da Missão da ONU na Colômbia.

Em uma reunião separada, o secretário-geral conversou com o comandante das FARC, Timoleón Jiménez, durante a qual discutiram os progressos alcançados até aqui nas negociações de paz e os assuntos pendentes, incluindo a transição dos combatentes da guerrilha para a vida civil.

Além disso, Ban reuniu-se com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e elogiou o país por seu papel no processo de paz colombiano. Ele pediu também um diálogo político inclusivo na Venezuela.

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