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Zika seria causa de nova síndrome congênita, apontam especialistas em encontro da OPAS

Cientistas de Brasil, Colômbia e Argentina se reuniram nesta semana no Recife com membros da Organização Pan-Americana da Saúde para debater possíveis efeitos da epidemia de zika

por ONU   publicado às 09:33 de 22/07/2016, modificado às 14:18 de 22/07/2016

O conjunto de anormalidades observadas em fetos que contraíram zika e o possível nexo causal com a infecção pelo vírus sugerem o aparecimento de uma nova síndrome congênita.

Mosquito transmissor da dengue e do zikavirus. Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

Essa foi a conclusão de cientistas do Brasil, da Colômbia e da Argentina que se reuniram ao longo da semana, na região metropolitana de Recife, com especialistas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para investigar os efeitos do zika sobre bebês em gestação.

O encontro foi até quinta-feira e incluiu visitas a instituições de saúde recifenses que atendem crianças com microcefalia e outras condições neurológicas associadas à infecção pelo vírus zika. Também participaram pesquisadores dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

“A Organização Mundial da Saúde pôs em prática um processo para definir o espectro da síndrome. O processo foca em mapeamento e análise das manifestações clínicas englobando os distúrbios neurológicos, auditivos, visuais e outros, além de descobertas relacionadas a neuroimagem”, informaram os cientistas.

Durante sua passagem por Pernambuco, os clínicos foram informados sobre o atual estado da epidemia de zika pelo gerente de Incidentes da OPAS, Sylvain Aldighieri.

“Nosso objetivo é dar assistência aos países, fortalecendo a vigilância do zika e da síndrome congênita, além de aperfeiçoar a preparação para lidar com a síndrome de Guillain-Barré nos serviços de saúde. A relação espacial e temporal entre o zika e a síndrome de Guillain-Barré é evidente em muitos países”, destacou o especialista do organismo regional.

As informações sobre as complicações associadas à infecção pelo vírus zika ainda são limitadas — o que aponta para a necessidade de os cientistas compartilharem dados sobre diagnóstico, descrição, consequências, processos físicos e análise de evidências já descobertas até o momento.

“Tivemos a oportunidade de ir ao IMIP (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira), em Pernambuco, e ver o trabalho excelente, incrível, que eles estão fazendo no acompanhamento e cuidado de crianças com microcefalia. É importante levar esse trabalho a outras partes do Brasil e do mundo”, disse o diretor de Família, Gênero e Curso de Vida, Andres de Francisco.

“Também devemos lembrar que o zika não é a única causa de microcefalia e a microcefalia não é o único possível sinal de zika”, acrescentou.

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