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"Ler para uma criança é uma fórmula mágica"

É o que afirma o escritor Alex Gennari, que lança neste sábado (23), na Bienal, seu primeiro livro infantil, com uma história que ouviu da mãe e contou aos filhos. Confira a entrevista

por Redação   publicado às 20:52 de 22/08/2014, modificado às 09:57 de 28/08/2014

Jornalismo, literatura, internet, televisão, teatro, cinema. Desde que decidiu ser escritor, Alex Gennari percorre com desenvoltura e criatividade o vasto mundo das palavras.  No blog Webwritersbrasil, escreve sobre comunicação escrita e multimídia. Nos livros Descaminho – O Sorriso do gato e Descaminho – A boca do cachorro, faz do romance um caminho para desvelar a realidade do contrabando e do tráfico de drogas e armas no Brasil. Em 2013, o filme “Os sons do Divino e o Espírito Santo do silêncio”, baseado em conto homônimo de sua autoria, foi premiado no Comunicurtas. 

"Eu ainda acredito muito no livro de carne e osso, de papel, no formato original", afirma Alex Gennari. Foto: Divulgação.

Depois de 14 anos de trabalho dedicados ao público adulto, Gennari decidiu fazer uma nova aposta: voltar às raízes e dar sua contribuição para a formação de novos leitores. "Escritores de ficção adulta vivem chorando porque no Brasil se lê muito pouco. A melhor forma de modificar essa realidade é a atitude", afirma Gennari, convicto. 

Neste sábado (23), no segundo dia da 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, ele lançará seu primeiro livro infantil. A Onça eu engoli inteira, publicado pela Editora Cidade Nova, é uma fábula sobre um grupo de animais que se reúne para tentar desvendar o mistério que envolve a árvore Pau-Brasil, uma das mais antigas da floresta. Uma história que Gennari ouviu da mãe e contou aos filhos. E o fez acreditar na magia da literatura infantil. 

Cidade Nova - Hoje os livros concorrem com uma série de opções muito atrativas como computadores, tablets, celulares, ferramentas que primam pela abundância de cores, sons, movimentos, interatividade, entretenimento. E, diferentemente das mais antigas, as novas gerações já crescem nesse universo, o apreciam e o utilizam com grande desenvoltura. Como cativar esse público?

Alex GennariEu ainda acredito muito no livro de carne e osso, de papel, no formato original. O livro ainda é um fetiche na nossa sociedade. Manusear um livro, sentir a textura, sentir o cheiro do livro, é uma delícia! Uma boa história, independentemente do formato através do qual ela é contada, ainda é a melhor maneira de cativar quaisquer públicos. 

A Onça eu engoli inteira é seu primeiro livro infantil. O que o levou a percorrer essa nova estrada?

A principal razão é meu compromisso com a formação de leitores. Escritores de ficção adulta vivem chorando porque no Brasil se lê muito pouco. A melhor forma de modificar essa realidade é a atitude. Só reclamar não adianta. Escrever para crianças, contar histórias para uma criança, são atitudes que influenciam diretamente na formação de futuros leitores. 

Outro ponto importante foi o incentivo da Andréa Vilela, editora da Cidade Nova, para que eu experimentasse a literatura infantil. Experimentei e gostei demais!

É comum ver, em eventos como a Bienal, muitas livros que reproduzem marcas, personagens e enredos que fizeram sucesso na televisão e no cinema, sobretudo no universo infantil. Seu livro segue outra linha. Como você avalia o fenômeno e qual foi seu objetivo ao escrever o livro?

O objetivo foi recontar uma história que fez parte da minha infância. O Brasil é um país riquíssimo culturalmente. Há muito o que explorar. Sou contra os enlatados de outros países. É missão do escritor - e das editoras - cultivar nossa identidade, nossa criatividade. Tanto na literatura infantil quanto na adulta. Na música, no teatro, no cinema, nas artes em geral.  

Que valores você procura transmitir em A Onça eu engoli inteira?

Um deles é justamente essa questão da brasilidade, de explorar nossa cultura. A ecologia também é um tema importante: nossa fauna e nossa flora. Outros valores importantes que estão nas entrelinhas da narrativa são o trabalho em equipe, a amizade, a coragem (e o medo), a criatividade e as relações interpessoais. Há também a questão do bullying que aparece de forma subliminar e pode ser discutido por pais e educadores com os pequenos leitores. 

Você é pai de dois filhos. Na sua percepção, qual o melhor caminho para estimular nas crianças o hábito da leitura?

Ler para uma criança é uma fórmula mágica. A mais antiga e mais simples. Minha mãe me contava a história da Onça quando eu era pequeno e eu contava para os meus filhos quando eram crianças. Depois fazíamos um teatrinho onde representávamos os bichos, os personagens do relato. Eles amavam. Hoje, aos 20 e 19 anos, são leitores vorazes.

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Confira a programação completa da Editora Cidade Nova

  • Lançamento de A onça eu engoli inteira, de Alex Gennari, com sessão de autógrafos no dia 23, às 15h, e no dia 24, às 16h (no estande da Editora).

  • »  Jaqueline Baumgratz Celso Pan autografam o livro Rodas e brincadeiras cantadas, dia 23, às 17h.

  • »  Lançamento de Presença no inferno: nas “cracolândias” do Rio de Janeiro, de Renato Chiera, no dia 27, às 19h30, com bate-papo com o autor (Auditório Brazilian Publishers) e autógrafos (no estande da Editora)

  • »  Lançamento de A roupa nova do arco da velha, de Flávia Savary e ilustração do Jaguar, com sessão de autógrafos nos dias 30 e 31, às 15h (no estande da Editora)

  • »  Dia 31 (domingo), às 12h: a autora Flávia Savary estara no Espaço Imaginário (Alameda F, n. 500) para um bate-papo com a garotada. 

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