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Artistas discutem organização e sustentabilidade do teatro

Reunidos em Florianópolis para o 2º Congresso de Teatro, artistas se reunirão para falar sobre produção teatral do Brasil

por Alex Rodrigues - Agência Brasil   publicado às 07:00 de 30/08/2014

O grupo Companhia Roupa de Ensaio faz apresentação de teatro e conta histórias para crianças, na 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura de Brasília. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Começou neste sexta-feira (29) e vai até domingo (31), o 2º Congresso Brasileiro de Teatro, sediado em Florianópolis. Será a segunda vez em três anos que artistas, técnicos, produtores, pesquisadores, estudantes de artes cênicas, gestores públicos e demais interessados no tema se reunirão em um evento nacional organizado pela própria classe teatral para discutir estratégias de desenvolvimento do setor.

A expectativa dos organizadores é reunir, no Serviço Social do Comércio (Sesc) de Cacupé (bairro de Florianópolis), 250 pessoas para debater os modos de organização e meios de sustentabilidade da produção teatral e mais o público que assistirá aos espetáculos. Além dos participantes eleitos para representar seus estados, 140 pessoas de diversas unidades da Federação já haviam se inscrito para participar do evento até o início da tarde de quinta-feira (28). Entidades de 13 unidades da Federação também já haviam confirmado presença. Quem quiser assistir aos debates pode se inscrever presencialmente até o meio-dia de hoje (30). As inscrições custam R$ 30, mas os organizadores prometem avaliar a possibilidade de isenção para quem não puder pagar esse valor.

O evento está sendo organizado e promovido pela Federação Catarinense de Teatro (Fecate), com o apoio do Sesc e da Universidade do Estado de Santa Catarina. A exemplo do 1º Congresso, realizado em 2011 em Osasco (SP), as propostas e reivindicações aprovadas ao fim do encontro vão ser reunidas em um documento que será entregue ao Ministério da Cultura.

Na chamada Carta de Osasco, os participantes cobraram a elaboração de instrumentos jurídicos que regulassem a ocupação dos prédios públicos ociosos e de imóveis aptos a abrigar artistas; a votação, pelo Congresso Nacional, e implementação, pelo Ministério da Cultura, do Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (ProCultura) e do Programa Prêmio Teatro Brasileiro, previsto no projeto de lei do ProCultura para fomentar a produção e a circulação de espetáculos teatrais e os núcleos artísticos com trabalho continuado. Cópia do documento foi entregue à então ministra da Cultura, Ana de Hollanda.

De acordo com os organizadores deste 2º congresso, uma única iniciativa nacional semelhante tinha sido promovida pela classe teatral antes do evento de Osasco. Foi o Congresso de Arcozelo, realizado em 1979 no Rio de Janeiro. Segundo o ator, pesquisador e presidente do Centro Brasil ITI/Unesco, Ney Piacentini, a dificuldade da classe artística em manter espaços para debater com regularidade suas dificuldades e propostas é fruto de uma desagregação causada, entre outras coisas, pelas agruras com que lidam no dia a dia.

“Há uma espécie de desagregação nacional, estadual e regional que tem várias causas. Por um lado, são tantas as necessidades de cada pequeno ou médio núcleo artístico, de cada produtor, que fica complicado participar ativa e regularmente de redes e de eventos como esse”, disse Piacentini.

“Há também o recrudescimento de um modelo que, em todos os setores, acaba por nos impor um individualismo cada vez maior, levando todos a concorrer e disputar uns contra os outros. Daí a importância de eventos como esse congresso, que tenta recuperar movimentos artísticos surgidos logo após o fim da ditadura e reativar o espírito gregário, o debate”, acrescentou o ator, que também já presidiu a Cooperativa Paulista de Teatro e considera que, apesar dos avanços da última década, as políticas públicas culturais continuam muito aquém do que a classe artística e a sociedade demandam. “Nós mesmos recuamos em nossas mobilizações. Se será possível reavivarmos o espírito gregário, serão ocasiões como esta, de Florianópolis, que vão nos dizer”.

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