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Startup cria aplicativo que treina vestibulandos no Facebook

Lançada em outubro de 2016, o Mr. Enem é um chatbot, robô em forma de software que conversa com as pessoas. Ele faz perguntas do ENEM aos usuários da rede social

por Vinícius de Oliveira - Porvir   publicado às 09:23 de 03/02/2017, modificado às 09:23 de 03/02/2017

É como aquele amigo que fala com você todos os dias pelas redes sociais. Só que ao invés de mandar memes, fazer piadas e demorar segundos preciosos para responder, ele fala de assuntos que você precisa saber e responde na hora. E sempre traz a resposta certa. Assim é a ferramenta desenvolvida pela startup Ullo, de Uberlândia (MG), que leva os chamados chatbots, ou bots (robô em forma de software que conversa com as pessoas), para o mundo da educação.

Foto: Divulgação

Lançada como Mr. Enem em outubro de 2016, pouco antes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a solução que usa o aplicativo Facebook Messenger logo atraiu a atenção de candidatos que, entre um livro e outro, não largavam a rede social. “Seis semanas antes da prova, a gente lançou com todas as questões desde 2009. O usuário entrava e conversava com o Mr. Enem, que respondia de forma bem humorada. A repercussão foi muito boa e a ferramenta se popularizou muito rápido”, diz Bruno Nunes, 24, desenvolvedor de sistemas e um dos sócios da Ullo, durante conversa na Campus Party Brasil, em São Paulo (SP). Até o dia da prova, o robô teve trabalho intenso para enviar mais de 1,5 milhão de mensagens e 150 mil questões de provas anteriores para cerca de 10 mil usuários.

Diferentemente do clipe das versões antigas do editor de texto Microsoft Word, que não se controlava e interrompia o trabalho do usuário com certa frequência, o personagem Ullo fica na lista de contatos reais e começa a interagir ao comando de um ‘Oi’ enviado pelo usuário do Facebook para então começar sua rotina de envio de mensagens com as perguntas do Enem propriamente ditas.

“Em vez do aluno estudar resolvendo questões no livro de papel, sem nenhum tipo de interação, ele respondia tudo lá dentro do bot. Além de ser uma forma divertida de estudar, o bot falava coisas como ‘Você consegue’, ‘Não erre na próxima’, ‘Não vale chutar’. Essa interação gerou o engajamento e as pessoas começaram a comentar sobre ele com os amigos e a compartilhar”, diz Thaysa Starling, 26, também sócia da plataforma, com experiência em educação corporativa.

Passado o pico de acesso por conta da prova, os empreendedores que têm ainda um terceiro sócio, o publicitário Leandro Latini, 30, decidiram então lançar a plataforma Ullo, uma versão paga e personalizável do Mr. Enem voltada a instituições de ensino que funciona baseada no Facebook, mas também no Skype e no WhatsApp. Com ela, é possível adotar um tom de conversa mais próximo à faixa etária (desde que acima de 13 anos, mínimo permitido pelo Facebook) e ao tipo de curso ofertado. Professores podem selecionar questões baseadas em aulas passadas ou tendo em vista as que ainda serão ministradas, separando por turma ou por aluno, para depois receberem um relatório de desempenho.

“A gente conseguiu resolver um problema que várias escolas têm com a tecnologia, que é fazer com que o aluno a utilize. Juntamos os gostos pessoais pelas páginas que ele curte e as músicas que ouve no Spotify. Se ele tem uma atividade para entregar na sexta-feira e vai ao show do Guns and Roses, é preciso estimulá-lo antes. Ao gerar essa empatia, essa amizade, o aluno se sente melhor para fazer”, afirma Bruno.

Na plataforma Ullo, o custo de R$ 7 por usuário fica por conta das instituições. O modelo de cobrança costuma ser feito por turma no ensino presencial e, quando à distância, é adaptado a cada usuário.

A startup já obteve contratos com cinco escolas privadas de Minas Gerais, alcançando 11 mil alunos, e agora está em conversas com um grupo privado de ensino de São Paulo. Governos? “A gente nem tentou, mas está aberto também”, diz Thaysa. “Envolve licitação e precisamos de alguém que nos abra portas. Como a gente avançou muito rápido e redes particulares já compraram, a gente nem conseguiu olhar”.

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