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Maestro holandês premiado pela Unesco visita comunidade no Rio

Conhecido por trabalhar a música como ferramenta de transformação em zonas de conflito, Merljin Twaalfhoven busca enfatizar a beleza e os pontos positivos dos locais em que atua

por Agência Brasil   publicado às 09:27 de 26/01/2016, modificado às 12:09 de 26/01/2016

O maestro e compositor holandês Merlijn Twaalfhoven, ganhador do Prêmio Unesco 2012, visitou ontem (25) a comunidade de Manguinhos, na zona norte do Rio, para dar início a um projeto sociocultural na comunidade. Durante a visita, o músico apresentou individualmente os seus projetos e ouviu a opinião e as ideias de cada um para o que pode ser implementado futuramente.

Conhecido por trabalhar a música como ferramenta de transformação em zonas de conflito, Merljin Twaalfhoven busca enfatizar a beleza e os pontos positivos dos locais em que atua. Foto: Kennisland/Flickr (cc)

Conhecido por trabalhar a música como ferramenta de transformação em zonas de conflito, o maestro criou, nos últimos anos, à frente da organização La Vie surf Terre, projetos inovadores com os refugiados em um gueto de Roma e nas áreas de fronteiras em Chipre, Palestina e Síria, envolvendo crianças, comunidades locais, músicos profissionais e amadores. Twaalfhoven classificou o local como “uma área muito vibrante” e comemorou o fato da região já possuir diversos projetos sociais, o que, segundo ele, facilitará a integração com o seu trabalho.

Com atuações em áreas de risco, como a Faixa de Gaza, o músico disse que procura se colocar antes de tudo como um observador, já que, segundo ele, a população busca, por meio da mídia, sempre saber o que há de ruim e não os pontos positivos de determinada situação ou local.

“A gente acompanha pela mídia muito a repercussão da violência, seja aqui em Manguinhos como em outras áreas em que já estive presente. Sendo assim, busco me colocar antes de qualquer coisa como um observador, e não um criador. Eu vou até esses lugares justamente para observar o que há de bom, como as belezas e riquezas de cada um. Na Holanda, o que a gente ouve sobre as favelas cariocas é algo muito superficial. Então, eu tento desmistificar esses lugares, para que seja vendido não somente o lado ruim dessas áreas, mas também suas qualidades”, explicou.

“Eu estou muito animado com essa oportunidade. Acho que acrescentará demais, pessoalmente falando. Embora seja uma bela cidade, eu não vim como turista. Me sinto bastante pressionado a criar algo de positivo por aqui e deixar um legado importante para essas pessoas, afinal, depois de ouvir as histórias de cada um, eu me sinto bastante tocado e motivado para fazer algo bom”, disse, vislumbrando os possíveis frutos de sua visita.

O músico e educador social, Guilherme Hadasha, é professor, criador e coordenador de diversos projetos sociais dentro da comunidade de Manguinhos. Hadasha lembrou que o premiado maestro holandês “sabe o que é a dor”, e por isso a sua presença em uma área que já conviveu com muitos problemas, e convive até hoje com o preconceito, é uma realização para todos os moradores.

“É a realização de um sonho. É fruto de uma parceria de alguém que sabe o que é sentir a dor e ainda assim alcançar a arte. Ele tem olhos que já presenciaram áreas conflitantes e ainda assim foram capazes de extrair algo positivo. Com a vinda dele, o sonho vai se tornar realidade. Afinal, nós temos materiais de altíssima qualidade e alunos muito interessados que se somarão com os possíveis parceiros que ele trará, fora a sua influência, seu conhecimento e seu talento. Essa fusão da música popular brasileira com a música clássica estrangeira pode render algo bem legal”, afirmou.

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