A superação no Futebol Americano

O futebol americano tem, aos poucos, conquistados o gosto dos telespectadores brasileiros. Não todos, claro. Porque para acompanhar o esporte mais popular dos Estados Unidos é preciso ou ter acesso à TV a cabo ou frequentar bares e restaurantes que transmitem os jogos.

A National Football League (em português, Liga Nacional de Futebol) tem, na América do Norte, a mesma adesão massiva que os campeonatos de futebol no Brasil. Um exemplo importante é o Super Bowl, jogo da NFL que decide o campeão da liga e que, na última temporada contabilizou mais de 112 milhões de telespectadores, número muito superior a audiência de eventos esportivos brasileiros, com exceção da última Copa do Mundo.

Histórias de superação

Rolando McClain, campeão pela Universidade do Alabama em 2010. Foto: Corey.C/Flickr

Além da potência midiática, o futebol americano também tem um papel social importante na vida dos jovens dos Estados Unidos. Histórias de superação surpreendentes, como a do jogador do Dallas Cowboys, Rolando

McClain, mostram como o esporte pode dar significado à vida dos garotos do país.

Criado em um ambiente onde drogas, armas e violência eram comuns, Rolando McClain viu sua mãe trabalhar em três empregos diferentes e constantemente agredi-lo. Aos 15 anos, ele a denunciou após ser ameaçado com uma faca. Ela foi presa e diagnosticada como bipolar. O pai ausente só reapareceu para se aproveitar do sucesso do filho.

Na adolescência, o futebol americano se tornou a principal motivação de McClain. "Era minha máscara. Era uma fantasia. Você tem problemas, vai quebrar alguma coisa. Funcionava assim. Eu nunca lidei muito bem com esse problema", disse o jogador, em entrevista à uma revista dos EUA há quase um ano.

O fardo do sucesso

A qualidade técnica de McClain permitiu que ele assinasse um contrato de 40 milhões de dólares. Quase que instantaneamente seus amigos de infância começaram a cobrar, dizendo que ele não estaria lá se não fosse por eles. Em entrevista, o jovem admitiu que chegou a gastar US$ 600 mil nos seis primeiros meses sustentando amigos e família.

A necessidade de lidar com uma carreira de sucesso e com a fortuna inesperada, sem ninguém que pudesse orientá-lo, fez com que o jogador perdesse o foco, se metesse em confusões e acabasse sendo preso algumas vezes. A paciência com o seu comportamento se esgotou e McClain foi dispensado do time em que jogava em abril do ano passado. No mês seguinte, ele optou por se aposentar e foi morar em uma cidadezinha de cerca 100 mil habitantes, para esfriar a cabeça e lembrar da vida simples, quando ainda não era conhecido.

Segunda chance

Foto: Charlie Lyons-Pardue

Em junho deste ano, o Dallas Cowboys, outra equipe da NFL, convidou-o para integrar o elenco de pré-temporada. Seduzido, McClain aceitou o convite e acabou se tornando titular e peça fundamental da defesa do time de melhor campanha da NFL.

É interessante como o esporte é capaz de impulsionar muitas vidas, acumulando histórias de superação que podem ser encontradas nas mais variadas modalidades. A prática de atividades esportivas promove, muitas vezes, valores que o Estado e outras instituições da sociedade não conseguem promover, por isso ele deve ser considerado um aliado fundamental para a formação das novas gerações.

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Sobre

Fazer do esporte um instrumento de promoção da fraternidade é aceitar o desafio de descobrir, acima de tudo, a prática de atividades físicas como possibilidade de encontro, de relação. Em uma competição esportiva, o adversário não é um inimigo, nem o jogo uma batalha. Por isso, respeitar as regras predefinidas e preservar um espírito de lealdade e honestidade tornam-se elementos essenciais para que o esporte realize a sua missão socioeducativa. Neste blog, queremos identificar, discutir e descobrir os grandes promotores do esporte no Brasil e no mundo e, com eles, refletir sobre valores que ajudam a edificar a nossa sociedade.

Autores

Valter Hugo Muniz

Jornalista com experiências internacionais na Ásia (Indonésia) e na África (Costa do Marfim). Atualmente mora em Genebra, na Suíça. É formado em jornalismo pela PUC-SP. Trabalhou em agências de comunicação, empresas multinacionais, editoras e na televisão. Concluiu recentemente uma pós-graduação no Instituto Universitário Sophia, em Florença, Itália.