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Especialistas combatem mito de que redução da velocidade aumenta trânsito

Na 4ª Semana Mundial das Nações Unidas sobre Segurança no Trânsito, a Organização Pan-Americana da Saúde alerta para os riscos de dirigir em alta velocidade

por ONU News   publicado às 12:17 de 11/05/2017, modificado às 12:18 de 11/05/2017

No marco da 4ª Semana Mundial das Nações Unidas sobre Segurança no Trânsito, realizada de 8 a 14 de maio, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) convidou especialistas para esclarecerem dúvidas frequentes sobre os perigos da velocidade excessiva dos automóveis. As respostas estão disponíveis em vídeos curtos publicados na página da agência da ONU no Facebook e no YouTube.

Na 4ª Semana Mundial das Nações Unidas sobre Segurança no Trânsito, a Organização Pan-Americana da Saúde alerta para os riscos de dirigir em alta velocidade. Foto: Pexels

Uma das questões levantadas pelos entrevistados é o impacto das lesões e mortes no trânsito sobre os sistemas de saúde pública. “Isso drena recursos que poderiam estar sendo utilizados em muitas outras áreas necessitadas”, aponta o representante da OPAS no Brasil, Joaquín Molina. Segundo o dirigente, as mortes e a quantidade de pessoas feridas também têm consequências em outras áreas, como a previdência social.

David Duarte Lima, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), explica que a ideia de aumentar a velocidade para ganhar tempo não passa de uma ilusão.

“Foi feita uma experiência na Alemanha, com dois motoristas, e para um foi dito: ‘Olha, corra o máximo que você puder’ e para o outro, ‘Dirija na velocidade da via, se adapte às normas de segurança’. O motorista rápido e intrépido freou muito mais, correu muito mais risco e ganhou apenas 3% do tempo. É um ganho absolutamente irrisório”, afirma.

Na mesma linha, a coordenadora de Segurança Viária da WRI Brasil, Marta Obelheiro, ressalta que, muitas vezes, a redução da velocidade esbarra na “ideia equivocada” de que pode haver aumento no tempo de congestionamentos.

“Isso não acontece. Na Austrália, por exemplo, a velocidade foi reduzida de 60 km/h para 50 km/h e essa redução foi associada a um aumento dos tempos médios de viagem de apenas 9 segundos por deslocamento, ao mesmo tempo em que evitou quase 3 mil acidentes com vítimas por ano. Ou seja, as cidades podem reduzir os limites de velocidade sem aumentar os congestionamentos”, explica.

Etienne Krug, diretor de Prevenção de Violência, Lesões e Incapacitações da Organização Mundial da Saúde (OMS), explica que, quanto maior a velocidade, maior a probabilidade de lesões e mortes no trânsito. “Se um veículo anda a 50 km/h e toca em um pedestre, a probabilidade de morte vai ser de 20%”, afirma. No entanto, se a velocidade de uma via for de 80 km/h, a probabilidade de óbito acaba triplicando — chegando a quase 60%.

“É por isso que dedicamos a Semana das Nações Unidas sobre Segurança no Trânsito à velocidade, porque é tempo de agir e sabemos o que temos que fazer”, comenta Krug.

O coordenador-geral de educação do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) do Brasil, Francisco Garonce, desmistifica também a crença de que existe uma “indústria da multa” no país e no mundo. “É uma grande mentira. Até porque, para que essa ‘indústria’ sobreviva, você precisa cometer infrações”, argumentou. Para Garonce, seguindo a legislação e os limites de velocidade, as pessoas podem tornar o trânsito mais seguro e salvar milhares de vidas.

Victor Pavarino, consultor sobre segurança no trânsito da OPAS no Brasil, ressalta que a fiscalização é importante, mas deve vir acompanhada de outras medidas de gestão da velocidade. O especialista lembra que as medidas da OPAS incluem a modificação das vias com elementos de moderação do tráfego e o uso de tecnologias para ajudar motoristas a controlar a velocidade com que se deslocam.

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Segurança, congestionamento, motoristas, trânsito, acidentes, pedestres, automóveis, tráfego, velocidade, radares