Dia da criança ou dia para a criança?

O dia 12 de outubro pode ser uma oportunidade de criar espaço entre pais e filhos. Um dia para ficarmos juntos, para que possamos nos dedicar ao que o filho deseja. Foto: Kristof Borkowski/Flickr

Minha filha de 16 anos me perguntou hoje cedo, com certo risinho irônico no canto da boca:

- E aí mãe, vai rolar uma presentinho de dia das crianas neste sábado?

E ainda complementou:

- Tudo bem se não rolar um presente (com o risinho irônico ainda presente no canto da boca), mas uns chocolatinhos vão rolar, né?!

Eu, de contra partida, ri....

Essa conversa me fez parar para pensar sobre o poder que o consumo tem sobre nós (crianças, adolecentes e adultos).  Todo adolescentes se irrita bastante ao ser comparado a uma crinaça, seja qual for a situação. No entanto, nessa data comemorativa a sitiuação é outra. É o único dia em que os adolescentes ainda querem ser chamados de crianças e que muitos adultos desejam voltar ao tempo das calças curtas. Afinal, o que se tornou importante nesse dia é o fator presente. E as propagandas não deixam barato, exigem dos pais, avós e afins que se organizem para tal.

Bem, já deve ter ficado claro que o nosso assunto de hoje é Dia das Crianças.

Busquei vários textos de amigos e profissionais que pudessem dar um sentido diferente para essa data. Dentre os vários ganchos para o tema, um me chamou a atenção, o texto da amiga e psicóloga Fernada Rossi. Ao terminar de lê-lo decidi que o 12 de outubro na minha casa será o "Dia para a criança" e não o "Dia da criança", vejam porque:

Historicamente, segundo o Wikipedia:

"O Dia Mundial da Criança é oficialmente o dia 20 de novembro, data reconhecida pela ONU, por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança em 1959 e a Convenção dos Direitos da Criança em 1989. Porém, a data efetiva de comemoração varia de país para país. No Brasil em 1924, o deputado federal Galdino do Valle Filho teve a ideia de “criar” o dia das crianças. Os deputados aprovaram e o dia 12 de outubro foi oficializado como Dia da Criança pelo presidente Arthur Bernardes, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924. Mas somente em 1960, quando a Fábrica de Brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson & Johnson para lançar a “Semana do Bebê Robusto” e aumentar suas vendas, é que a data passou a ser comemorada. A estratégia deu certo, pois desde então o dia das Crianças é comemorado com muitos presentes. Logo depois, outras empresas decidiram criar a Semana da Criança, para aumentar as vendas. No ano seguinte, os fabricantes de brinquedos decidiram escolher um único dia para a promoção e fizeram ressurgir o antigo decreto. A partir daí, o dia 12 de outubro se tornou uma data importante para o setor de brinquedos no Brasil".

Ou seja, é uma data completamente comercial.

Porém, podemos transformá-la em algo maior do que isso: que tal tornar este dia um momento de ficar com as crianças e ou nossos adolescentes– passear, brincar, estar com eles, deixá-los propor o que fazer (desde que não seja algo que envolva compras), para ser um dia de viver com os filhos coisas que lhes são importantes?

Não precisa ser o dia todo, que sejam algumas horas – uma tarde por exemplo.

Desde que seja o tempo dedicado completamente ao pequeno ou aos um pouco mais crescidos. Para fazermos coisas juntos, coisas que eles proponham. Imagine o quanto este dia será esperado ao longo do ano? E marcado não mais pelos presentes, mas saberem que aquele dia você estará totalmente dedicado a eles.

O ideal seria que esse comportamento fosse o comum, o diário. Mas sabemos que isso não é tão fácil, há a correria do trabalho, as exigências do dia, a educação que se tem que exigir para que o filho cresça e se desenvolva bem. Fora que muitos pais não têm paciência para brincar, nem vontade de fazê-lo.

Então, o dia 12 de outubro pode ser uma oportunidade de criar esse espaço entre pais e filhos. Um dia para ficarmos juntos, para que possamos nos dedicar ao que o filho deseja. Sem o propósito de ensinar nada, só de brincar e poder se divertir, segundo o que o filho pedir.

Pode não ser fácil, dependendo do seu estilo de vida, mas pode marcar a vida do seu filho de forma eterna. Não vale a pena tentar?

Tags:

dia das crianças, brincadeiras, comercial, consumismo, presentes, convivência



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Autores

Andrea Russo Vilela

Colaboro há 15 anos com a Editora Cidade Nova, já atuei junto à equipe de redação da revista e atualmente coordeno o Editorial Infantil (editora de livros infantis e projetos de incentivo à leitura) e a seção "Ponto, vírgula e conto" da revista Cidade Nova. Graduada em Administração de Empresas e ilustradora pelo Instituto Tomie Ohtake.