Persistir, desistir ou se reinventar

A tolice está, muitas vezes, em não mudar nunca, em não buscar novos caminhos, experimentar novas situações, checar o objetivo, rever o projeto.

por Darlene Bomfin   publicado às 16:00 de 20/12/2019, modificado às 16:20 de 20/12/2019

É muito comum ouvirmos das pessoas com as quais convivemos, educadores, mentores, membros da família, colegas de trabalho: não desista dos seus objetivos! Portanto, não desistir passa a ser um mantra que deve guiar os passos rumo ao sucesso pretendido.

Sabemos que uma das capacidades importantes para atingir objetivos é justamente não desistir, sobretudo quando houve clareza ao estabelecê-los e quando isso se tornou robusto, mensurável e atingível. Buscar aquilo que se quer exige tempo, dedicação, estratégia, fôlego, esforço, repetição.

O sucesso está mais ligado ao caminho, ao fazer, ao agir, e o insucesso está, em geral, ligado à desistência. Porém, um risco é tornar o objetivo uma obsessão! Ter foco, clareza, inteligência e resiliência não pode se confundir com obsessão. Aqui, requer-se  outra capacidade, a ser desenvolvida: a flexibilidade. Recuar não significa fugir. O que se deve evitar é ser o tipo que muda de planos a todo momento, basta aparecer a primeira dificuldade, ou ver em certos fatos uma desculpa para desistir. Muitas vezes, desistir é necessário! Ou alterar a rota dos planos. Já o mais admirável ainda é encontrar possibilidades e capacidades de se reinventar.

O fracasso é uma das sensações que mais amedrontam e paralisam. Portanto, é necessário entender que, em determinadas situações, é preciso recuar, o que necessariamente não significa fracassar.

Ao contrário, essa atitude pode significar inteligência, visão, verificação dos fatos, obtenção das metas, adequação à realidade financeira, avaliação do gasto energético, incapacidade técnica, análise do contexto sociopolítico ou de saúde pessoal, equilíbrio emocional pessoal e dos relacionamentos, ou seja, é preciso ter a humildade para reconhecer que as forças empreendidas na obtenção do objetivo se esgotaram. Observe bem a situação, após ter verificado isso com sinceridade. Por vezes, é preciso admitir que é necessário alterar a rota.

Muitas vezes, fixamos a mente e as forças  como se na vida existisse um único caminho. E a vida é, por si mesma, plural. Num mundo de constantes mudanças como o nosso, ser inflexível em nome da honra de não desistir jamais pode avizinhar-se de um quadro patológico. Como também não pode aumentar a sensação de fracasso.

Cada vez mais, a neurociência está demonstrando a imensa capacidade que temos de atuar em várias frentes, de mudar, de “sermos plásticos” e não rígidos. A tolice está, muitas vezes,  em não mudar nunca, em não buscar novos caminhos, experimentar novas situações, checar o objetivo, rever o projeto.

O conceito de sucesso, em geral, carrega um peso ligado essencialmente à obtenção de resultados ou a uma performance brilhante e favorável. Sim, isso é sucesso, e não tem nada de mal ou pejorativo. O importante, porém, é que a vida demonstra que essa rigidez pode cegar ou ofuscar a visão sobre a realidade, e isso impede o indivíduo de enxergar novas formas de agir. O medo de errar e da crítica também impede a mudança, levando a pessoa a permanecer, muitas vezes, em algo que comprovadamente não dará certo se feito daquela forma.

No emaranhado das capacidades que devemos desenvolver, a sugestão nesses casos é: primeiramente, analise de forma objetiva os resultados do projeto. Isso não é ser frio, é ser objetivo! Depois, confronte-os com alguém mais experiente, peça opinião, escute. Por fim, se os fatos indicarem que deve recuar, tenha a humildade de fazê-lo, acreditando na capacidade mágica de se reinventar!

 

Darlene Ponciano Bomfim

Profissional de Coaching