Esta Palavra de Vida, proposta no Tempo pascal, convida-nos, na plenitude da liberdade de quem recebeu a mensagem do Evangelho, a sermos também nós testemunhas do acontecimento que marcou a história: Jesus ressuscitou!
Para compreender plenamente o significado deste versículo extraído dos Atos dos Apóstolos, convém citar a frase que vem imediatamente antes: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum1”.
“Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos.”
Nesse texto, nos é apresentada a primeira comunidade cristã, animada pela poderosa força do Espírito. Sua característica é a comunhão entre os fiéis, que desperta neles o impulso de proclamar a todos o Evangelho, a Boa Nova: Cristo ressuscitou.
As pessoas daquela comunidade são as mesmas que, antes de Pentecostes, estavam assustadas e desalentadas diante dos últimos acontecimentos e que agora se manifestam abertamente, dispostas a dar testemunho até ao martírio, graças à força do Espírito, que varreu os medos e os temores.
Eram um só coração e uma só alma, praticavam o amor mútuo até o ponto de colocar os bens em comum: era esta a realidade que ia envolvendo um número cada vez maior de pessoas.
Mulheres e homens que seguiam Jesus tinham ouvido as suas palavras, tinham vivido com Ele no serviço e no amor reservado aos últimos, aos doentes, tinham visto com os próprios olhos os feitos prodigiosos realizados por Jesus. A vida deles tinha mudado porque foram chamados a viver uma nova lei: eles foram as primeiras testemunhas da presença viva de Deus entre os homens.
Mas, para nós, seguidores de Jesus hoje, o que significa dar testemunho?
“Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos.”
A forma mais eficaz de testemunhar o Ressuscitado é mostrar que Ele está vivo e que habita entre nós. “Se vivermos a sua Palavra, [...] mantendo aceso no coração o amor para com o próximo, se nos esforçarmos de modo especial para conservar sempre o amor mútuo entre nós, então o Ressuscitado viverá em nós. Ele viverá também em nosso meio e irradiará ao nosso redor a sua luz e a sua graça, transformando os ambientes em que vivemos, com frutos incalculáveis. E será Ele, mediante o seu Espírito, a guiar os nossos passos e as nossas atividades. Será Ele a dispor as circunstâncias e a oferecer-nos as ocasiões para levar a sua vida a todos os que dele necessitam2”.
“Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos.”
Margaret Karram3 escreve: “‘Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura!4’ é o mandato extraordinário que os apóstolos receberam diretamente de Jesus há dois mil anos e que mudou o curso da história. Hoje Jesus dirige também a nós o mesmo convite: oferece-nos a possibilidade de levá-lo ao mundo com toda a criatividade, as capacidades e a liberdade que Ele mesmo nos deu5”.
É um anúncio “que não termina com a sua morte, pelo contrário! Ganha nova força depois da Ressurreição e de Pentecostes, quando os discípulos se tornaram testemunhas corajosas do Evangelho. E ademais, o mandato deles chegou até nós hoje. Por meio de mim, por meio de cada um de nós, Deus quer continuar a contar a Sua história de amor àqueles com os quais partilhamos curtos ou longos períodos de vida6”.
Organizado por Patrizia Mazzola com a comissão da Palavra de Vida
1) At 4,32.
2) LUBICH, Chiara. O testemunho de vida. Palavra de Vida, janeiro de 1986.
3) Presidente do Movimento dos Focolares.
4) Mc 16,15.
5) Margaret Karram, Chamados e enviados, Rocca di Papa, 15 de setembro de 2023.6) Ibid.