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Intelectuais muçulmanos condenam distorções e brutalidade promovidas pelo Estado Islâmico

Em carta aberta aos “seguidores e combatentes” do grupo radical, acadêmicos de todo o mundo denunciam suas ações como "contrárias ao Islã"

por Roberto Catalano - Città Nuova   publicado às 12:44 de 01/10/2014

Mais de 120 acadêmicos muçulmanos endereçaram uma carta aberta aos “seguidores e combatentes” do Estado Islâmico, denunciando-os como “contrários aos princípios do Islã”. Assinada por representantes muçulmanos de diferentes partes do mundo, a mensagem foi publicada pelo Religion News Service (RNS), que há mais de 80 anos é uma das mais influentes fontes de informações sobre a religião para o mundo de lingua inglesa.

Os líderes muçulmanos que assinaram o documento, apresentado no dia 24 de setembro, redigiram uma declaração de dezoito páginas que procura analisar a ideologia que sustenta a violência brutal com que os grupos do ISIS (sigla em inglês para Estado Islâmico do Iraque e do Levante) estão impondo e espalhando o califado no Oriente Médio, com ameaças constantes ao Ocidente e às comunidades não-muçulmanas da região. O texto foi escrito em árabe e traduzido para o inglês, com uma apresentação oficial de Nihad Awad, diretor-executivo do Council of American-Islamic Relations (Conselho de Relações Americano-Islâmicas), acompanhado por outras dez personalidades, líderes muçulmanos americanos e figuras de destaque no campo da defesa dos direitos civis.

Através de textos religiosos clássicos, identificados e apresentados pelos acadêmicos, a carta procura demonstrar como o ISIS continua a fazer uso da religião para atrair os jovens e incentivá-los a entrar em seus quadros. Awad afirmou que o objetivo do documento é fornecer uma refutação completa, ponto por ponto, da filosofia do Estado Islâmico e da violência perpetrada para impô-la a todos, sobretudo às minorias étnicas e religiosas.  Entre outras coisas, o texto afirma que “o Islã proíbe a tortura (...), e a atribuição de atos maus a Deus”. Entre os signatários da carta estão personalidades de destaque, como o sheikh Shawqi Allam, grande mufti (jurisconsulto supremo e intérprete do Alcorão) do Egito, e o sheikh Muhammad Ahmad Hussein, mufti de Jerusalém e de toda a Palestina. Entre os destaques também afirma que

Não é a primeira vez que os líderes muçulmanos vêm a público para condenar o Estado Islâmico. No entanto, a mensagem divulgada na semana passada é diferente das outras porque os líderes que a assinaram dirigiram-se pessoalmente ao homem que se proclamou líder do neo-califado. Além disso, os signatários pedem que as pessoas comuns não façam mais uso da terminologia “Estado islâmico”. “Convidamos a não mais definir essas áreas como ‘Estado islâmico’, porque tais territórios não são um Estado e não tem nada a ver com religião”, disse Ahmed Bedier, um muçulmano que lidera a United Voices of America, organização sem fins lucrativos que incentiva grupos minoritários a participar da vida cívica.

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Denúncia, estado islâmico, carta, muçulmanos, intelectuais, ideologia, refutação