O tênis brasileiro tem futuro?

No próximo final de semana, na cidade de Villeneuve-d'Ascq, norte da França, o tênis mundial irá voltar as atenções para a Copa Davis. Disputada entre a França (2a colocada no ranking de seleções ) e a Suíça (4a) a final da maior competição por equipes do esporte será mais um grande acontecimento para os amantes do tênis.

Quando e onde nasceu a Copa Davis

O tenista brasileiro Thomaz Bellucci. Foto: Not enough megapixels/Flickr

Em 1900, três alunos da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, tiveram a ideia de desafiar os britânicos, então campeões do mundo no tênis. No ano seguinte, a partida foi realizada e a equipe estadunidense acabou se sagrando campeã.

Três anos mais depois daquele que se tornou um confronto anual entre americanos e ingleses, os belgas e os franceses também entraram na disputa.

A partir de 1924, a Copa Davis foi organizada pela Federação Internacional de Tênis (em inglês, International Tennis Federation - ITF), entidade que passou a governar o tênis mundial. Dessa forma, o número de países participantes do torneio não parou de crescer e já ultrapassou a primeira centena.

Hoje, além da Copa Davis para homens, a Fed Cup para as mulheres e a Hopman Cup para as equipes mistas, a ITF organiza os chamados Grand Slam: o Aberto da Austrália, o Aberto da França (mais conhecido como Torneio de Roland-Garros), o Torneio de Wimbledon e o US Open. Esses quatro eventos são considerados os mais importantes eventos de tênis do ano, em termos de pontos no ranking mundial, de tradição, valor dos prêmios em dinheiro e de atenção do público.

O Brasil e o tênis

Somente um tenista brasileiro, Gustavo Kuerten (o Guga) foi destaque no esporte, conquistando três Grand Slam. Na foto, Guga no torneio Roland Garros 2008. Foto: Pierre-Yves Sanchis

Infelizmente, no Brasil, o tênis é um esporte com baixíssimo apelo popular. Somente um tenista brasileiro, Gustavo Kuerten (o Guga) foi destaque no esporte, conquistando três Grand Slam. O maior campeão, o suíço Roger Federer, venceu 17 torneios e ainda pode conquistar outros, pois ainda está em plena atividade.

A falta de tradição no tênis faz com que o desempenho do Brasil na Copa Davis seja quase sempre medíocre. Atualmente 17o colocado no ranking de seleções, o país tem como resultado mais expressivo no torneio duas semifinais, em 1992 e 2000.  Este ano, o Brasil impôs uma derrota histórica à Espanha em São Paulo e garantiu o retorno em 2015 ao Grupo Mundial, formado pelas 16 melhores seleções do mundo. Uma excelente conquista.

Desafios em um cenário

No ano passado, Guga foi homenageado pela Associação de Tenistas Profissionais (ATP) por figurar entre os 16 tenistas que terminaram uma temporada como número 1 do mundo. Durante a entrevista realizada no evento, Guga demonstrou preocupação a respeito do esporte no Brasil. Segundo o ex-jogador, o tênis brasileiro continua com condições iguais ou até piores de quando ele estava em plena atividade. “Não conseguimos evoluir para um novo cenário, um novo estágio, aproveitando aquela situação e criando uma realidade diferente no tênis”, disse referindo-se ao período vitorioso do esporte quando ele ainda jogava.

Guga afirmou que atualmente investe entre 60% e 70% do seu tempo na formação de jovens atletas e na promoção do tênis no cenário brasileiro. Porém, como quase sempre, parece um esforço pontual.

Enquanto isso, continuamos coadjuvantes em um esporte que estimula valores como a autoconfiança, a superação, o esforço. Uma grande fonte de riqueza, muitas vezes ignorada por governantes, mas também por todos nós brasileiros.

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Sobre

Fazer do esporte um instrumento de promoção da fraternidade é aceitar o desafio de descobrir, acima de tudo, a prática de atividades físicas como possibilidade de encontro, de relação. Em uma competição esportiva, o adversário não é um inimigo, nem o jogo uma batalha. Por isso, respeitar as regras predefinidas e preservar um espírito de lealdade e honestidade tornam-se elementos essenciais para que o esporte realize a sua missão socioeducativa. Neste blog, queremos identificar, discutir e descobrir os grandes promotores do esporte no Brasil e no mundo e, com eles, refletir sobre valores que ajudam a edificar a nossa sociedade.

Autores

Valter Hugo Muniz

Jornalista com experiências internacionais na Ásia (Indonésia) e na África (Costa do Marfim). Atualmente mora em Genebra, na Suíça. É formado em jornalismo pela PUC-SP. Trabalhou em agências de comunicação, empresas multinacionais, editoras e na televisão. Concluiu recentemente uma pós-graduação no Instituto Universitário Sophia, em Florença, Itália.