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Levy conversa com internautas e fala em responsabilidade com gastos públicos

Desemprego, crescimento econômico, inflação, impostos e responsabilidade com os gastos públicos foram alguns dos temas em pauta no bate-papo com o novo ministro da Fazenda

por Daniel Lima - Agência Brasil*   publicado às 14:28 de 09/01/2015, modificado às 14:28 de 09/01/2015

Joaquim Levy. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O Portal Brasil, perfil do governo federal na internet, promoveu, nesta sexta-feira (9) de manhã, por meio do Facebook, um bate-papo com o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre o futuro da economia do país e a influência da política econômica sobre a vida do cidadão. Desemprego, crescimento econômico, inflação, impostos e responsabilidade com os gastos públicos foram alguns dos temas em pauta.

Desemprego e crescimento
Ao responder pergunta do internauta Alessandro Araujo, Levy disse que questões como o desemprego e o crescimento da economia têm de ser pensadas em longo prazo e não apenas em curto prazo: “Alô, Alessandro, tua pergunta é muito importante e ela tem algo que a gente tem mesmo que pensar, ou seja, olhar o que esperar daqui a alguns anos, e não apenas o que vai acontecer no mês que vem”, afirmou Levy.

Ele também disse que o Brasil será mais competitivo, com presença maior no mundo e empregos melhores e explicou que existem vários ingredientes a serem levados em conta. “Começando com as contas do governo arrumadas. A gente tem que estimular a concorrência. A concorrência é importante porque - quanto mais firmas estão disputando um mercado - [há]  mais opções na hora de comprar e as firmas têm de ser mais eficientes, mais capazes. Aí, você vai poder comprar mais barato. Toda a economia fica mais eficiente, mais competitiva e dá para, inclusive, conquistar mercados lá fora. O Brasil batalhador é o que a gente pode esperar para crescer e ter mais emprego de qualidade”, disse.

Inflação
Sobre a inflação, o misitro afirmou que, apesar de todos os desafios, ela ficou dentro da meta: “a inflação do IPCA em 2014 foi 6,41%, abaixo do máximo de 6,5%, o teto. Agora, em janeiro, realmente a inflação deve ser um pouco mais alta do que em alguns meses do ano passado. Em parte, porque janeiro e fevereiro são meses em que, todo ano, há mais reajustes, como de escola, IPTU, ônibus etc”.

Levy disse que, para a economia voltar a crescer, o governo tem de fazer algumas arrumações e isso pode mexer em alguns preços. Segundo ele, os economistas chamam isso de mudança nos preços relativos, importante para acomodar a economia em um novo caminho de crescimento.

“Mas o mais importante é que o Banco Central, que é o guardião do valor do teu dinheiro, está atento e vai continuar cuidando para que a inflação esteja no caminho de não só ficar abaixo do teto, como expliquei acima, até o final de 2015, mas também para ela voltar para o objetivo de não passar de 4,5% em 2016. Esse valor de 4,5% é a chamada meta da inflação, que é muito importante para as pessoas terem confiança e a economia crescer”, respondeu.

Ele destacou ainda que, para segurar a inflação, é preciso que o governo não gaste demais. “Se a gente fizer isso agora, vamos poder ter a inflação caindo no ano que vem”, ponderou.

Estabilidade econômica
Ao responder a pergunta do internauta Igor Calado, Levy afirmou que o governo já adotou medidas para gastar menos e reequilibrar a economia. Ele citou as mudanças recentes nos benefícios da Previdência, que, segundo ele, foram tomadas a fim de evitar algumas distorções, como, por exemplo, "alguém que começa a receber pensão de viúvo ou viúva aos 25 anos de idade e vai continuar recebendo esse dinheiro do governo talvez por mais de 50 anos”.

O ministro acrescentou que não faz sentido esse desperdício com o dinheiro do povo. "O governo diminuiu o volume de empréstimos com juros baratos para algumas empresas. Empréstimo barato também é pago pelo contribuinte e tem de ser dado só em situações muito especiais. O governo também mostrou, ontem (8), que está cortando nas suas próprias despesas”, postou Levy. Ele se referiu aos cortes no custeio, recursos do orçamento para pagar principalmente a máquina do governo.

“O corte nessas despesas, que [chegou] a um terço [do previsto], é essencial neste momento. O objetivo é limitar esse tipo de despesa para, com essa economia, ter dinheiro para pagar a Previdência Social e os benefícios certos, que o governo tem obrigação de pagar, e sempre em dia”, respondeu. Ontem, o Diário Oficial da União publicou medidas estabelecendo bloqueio mensal de R$ 1,9 bilhão no orçamento até que a programação orçamentária seja aprovada pelo Congresso Nacional.

Responsabilidade com gastos públicos
Por fim, o ministro da Fazenda disse ao internauta Marconi Saldate, que “ninguém come realmente de graça” em referência ao jargão de economia usado, segundo ele, por um professor da chamada escola de Chicago para explicar que tudo que o governo faz é pago pelo contribuinte. Saldate queria saber se Levy teria sido um dos garotos de Chicago (Chicago Boys).

“Marconi, sua pergunta é divertida, apesar de provavelmente a maior parte das pessoas não saberem o que isso quer dizer. Isso é uma história da década de 70, quando alguns economistas da Universidade de Chicago, que é uma das melhores do mundo, fizeram algumas reformas” explicou. Levy lembrou que algumas dessas reformas deram muito certo, outras nem tanto.

Os Chicago Boys, como passaram a ser conhecidos, eram estudantes de economia da América Latina que estudaram na ultraconservadora Universidade de Chicago e defendiam ideias econômicas “neoliberais” e a não interferência do estado na economia.

“Muita coisa mudou desde aquela época. Essa Universidade tinha um professor que dizia uma frase que ficou muito conhecida, e que a gente sabe que tem seu grau de verdade: “Ninguém come realmente de graça”. A gente sabe que quando alguém passeia ou faz alguma coisa sem pagar, outra pessoa está pagando. Então, essa frase é importante para quem está no governo”, postou em resposta a Saldate.

Levy lembrou que tudo que o governo “dá”, é pago pelo contribuinte. Por isso, o novo ministro da Fazenda, falou sobre a cautela necessária para usar o dinheiro público e garantir que ele chegue às pessoas certas. “Enfim, boas ideias em economia vêm de vários lugares e a gente tem que estar sempre atento para analisar e adotar as melhores”, destacou.

Além disso, ele acredita ser preciso fortalecer a conviccção de que o governo não pode gastar mais do que arrecada. “[Fortalecer a convicção de] que, se as despesas crescerem e a gente se endividar, ou ficar aumentando imposto, vai ser mais difícil a economia melhorar. Se você conversar [sobre] isso com seu colega de trabalho e, em alguma hora, também com seus amigos, vai ajudar a gente a fazer as mudanças juntos.”

Consertando o telhado em dia de sol
A última pergunta do bate-papo foi do repórter Caiã Messina, da Rede Bandeirante, que queria saber se há necessidade de aumentar impostos para ajustar a economia brasileira e equilibrar os gastos públicos.

“Opa, o tempo está acabando, mas tenho que responder a essa pergunta", disse Joaquim Levy. Ele explicou que, provavelmente, será preciso "rebalancear" alguns impostos, até porque alguns foram reduzidos há algum tempo. "E essa receita está fazendo falta, mas, se houver alguma mudança, vai ser com cuidado e depois de se esgotarem outras possibilidades. Estamos no caminho certo e, desta vez,  tentando acertar as coisas bem antes de estar em uma crise. Como diz um amigo meu: 'estamos podendo consertar o telhado em dia de sol'.”

Textos originais editados pela Cidade Nova.

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