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Patriarca ortodoxo recebe doutorado honoris causa de Instituto Universitário dos Focolares

“Um justo reconhecimento pelo seu empenho na promoção da cultura da unidade, que contribui para o caminho comum das nossas Igrejas”, disse o Papa Francisco em mensagem

por Redação   publicado às 09:39 de 28/10/2015, modificado às 10:21 de 28/10/2015

O Patriarca Bartolomeu I recebeu, no último dia 26, o doutorado honoris causa em Cultura da Unidade, concedido pelo Instituto Universitário Sophia, do Movimento dos Focolares. Maior autoridade da Igreja Ortodoxa no mundo, em sua lectio magistralis após a outorga do título, ele falou sobre o ecumenismo a ele tão caro. 

Patriarca ortodoxo recebe doutorado honoris causa de Instituto Universitário Sophia, do Movimento dos Focolares. Foto: SIF/Loppiano

Discorrendo sobre o relacionamento entre as duas Igrejas "irmãs", a Católica e a Ortodoxa, ele ressaltou a importância da superação de séculos de incompreensões por meio de iniciativas como a eliminação das excomunhões recíprocas, conduzidas por figuras proeminentes como Paulo VI e Atenágoras I, de quem Bartolomeu recolhe hoje a herança.  Junto com o Papa Francisco, que recentemente evocou o valor da “sinodalidade” como elemento chave para conduzir a Igreja de Cristo, são várias as ocasiões em que se manifesta a sintonia espiritual que existe entre eles.

Na sua mensagem, lida durante a cerimônia pelo card. Betori, o Papa Francisco se dirigiu “ao amado irmão Bartolomeu” para evidenciar o “caminho comum das nossas Igrejas rumo à plena e visível unidade, o qual percorremos com dedicação e perseverança”. Uma mensagem que tocou profundamente o coração do Patriarca, que se disse “felicíssimo”, confidenciando que “retorna a Istambul mais forte, mais seguro”, pelo fato de ter em Roma “um irmão que deseja trabalhar conosco e rezar para acelerar a unidade das nossas igrejas”, e respondeu ao Papa Francisco enviando o “Beijo da Paz” e invocando para ele a oração ad multos annos.

Respira-se a história, aquela que presenciou “a falta de reconhecimento do outro como cristão”, até chegar aos “protagonistas da nova primavera da Igreja: aqueles que farão da unidade o centro de suas ações pastorais para o bem de todos”, com o único desejo de “fazer com que os caminhos de Deus avancem”; e se respira o futuro, aquele no qual a Igreja e as instituições entenderão que “as diversidades são dádiva e não contraposição, riqueza e não desequilíbrio, vida e não morte”, como afirmou o Patriarca em seu discurso.

O evento foi realizado na cidadela de Loppiano, do Movimento dos Focolares, onde se encontra a sede do Instituto Universitário Sophia, que inaugurou o seu 8° ano acadêmico com a solene cerimônia. Para o excepcional evento – a presença de Sua Santidade Bartolomeu I – estiveram presentes, além de milhares de pessoas, várias delegações da Igreja ortodoxa, representantes da Igreja católica, autoridades civis, professores de várias universidades geminadas com Sophia, uma comunidade muçulmana. Registraram-se, ainda, mais de 4 mil acessos na transmissão via internet.

No reconhecimento atribuído ao Patriarca de Constantinopla, se expressa a gratidão “pela elaboração paciente, corajosa e atuante de uma Cultura da Unidade”, que viu nele um “protagonista amado e ouvido no cenário internacional, no diálogo em vista da plena unidade entre as Igrejas, no encontro entre diversas tradições e experiências religiosas, na cooperação entre mulheres e homens de todas as convicções que percorrem as sendas da fraternidade”, nas palavras do prof. Piero Coda, reitor do Instituto.

Como afirmou Coda, em entrevista coletiva, não se trata de uma utopia, mas de uma “inspiração, por meio da qual Chiara Lubich compreendeu que o carisma da unidade, que Deus lhe havia doado, também poderia se tornar expressão cultural: são sempre necessárias mediações, paradigmas, como diz o papa Francisco, uma revolução cultural, para saber dirigir a existência para novas fronteiras. O Instituto Universitário Sophia surgiu para realizar isso”.

Maria Voce, presidente dos Focolares, em nome de todo o Movimento, expressou ao Patriarca a alegria e a honra em acolhê-lo na cidadezinha de Loppiano, evidenciando o papel de liderança que os Focolares lhe atribui como personalidade espiritual e intelectual e o valor do seu testemunho e dos seus “apelos em favor da justiça e da proteção do ambiente como casa comum dos povos”. “O diálogo é a nossa prioridade comum”, continuou Maria Voce, com o desejo de “prosseguir o caminho em plena harmonia de ideais e testemunho de vida”.

A próxima etapa desse diálogo, lembrada pelo Patriarca Bartolomeu I em entrevista após a cerimônia, se realizará em novembro, em Istambul, onde se reunirão bipos de várias igrejas amigos dos Focolares: “Teremos ali a ocasião de manifestar a nossa vontade de trabalhar pela unidade das nossas Igrejas. Nós somos felizes, estamos prontos para acolher e retribuir o beijo da paz entre Oriente e Ocidente”.

Unidade na diversidade foi uma das “novas palavras” pronunciadas e que o reitor Piero Coda ressaltou novamente com força: “O Evangelho não é uniformidade, mas valorização das diferenças. Elas são unidade justamente na medida em que, jorrando da única fonte, se colocam em relação entre si, ou seja, sabem descobrir reciprocamente os dons que cada um oferece. Por isso a diversidade, vivida como relação, como fraternidade e comunhão, é a flor da unidade”.

“Com a aceitação das diversidades – conclui o Bartolomeu I – através do diálogo do amor, através do mútuo respeito, através da acolhida do Outro e da nossa disponibilidade para acolher e para ser acolhidos poderíamos nos tornar para o mundo, ícones de Cristo e como ele, na unidade, ser também diversidade”.

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