Comportamento
  

Campanha no Rio usa personagens infantis para alertar contra a violência sexual

Pocahontas, as princesas Elsa e Anna de Arendelle - do filme Frozen - e o Homem Aranha foram o meio encontrado para tratar do tema delicado e prevenir ocorrências

por Akemi Nitahara - Agência Brasil   publicado às 09:13 de 19/05/2017, modificado às 09:14 de 19/05/2017

Pocahontas, as princesas Elsa e Anna de Arendelle - do filme Frozen - e o Homem Aranha foram convocados para colaborar com uma causa nobre: o combate à violência sexual contra crianças e adolescentes. Os personagens foram o meio encontrado pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos do Rio de Janeiro para tratar do tema delicado e se aproximar do universo infantil, dentro da campanha Contando um conto - cuidando de nossas crianças e adolescentes.

Campanha no Rio usa personagens infantis para alertar contra a violência sexual. Foto: Reprodução

A campanha foi lançada hoje (18) na Cidade da Polícia, para marcar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes, em memória ao caso da menina Araceli, que foi estuprada e morta em Vitória, em 1973, quando tinha 8 anos de idade.

A Secretaria produziu um vídeo em parceria com a Polícia Civil, por meio da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), com o título Marianinha, a menina que botou a boca no trombone, na qual as princesas e o super-herói contam a história de uma menina que denuncia um abuso que sofreu. O texto foi adaptado da cartilha de mesmo nome, escrita pelo inspetor e psicólogo da DCAV Emerson Brant, material que já era distribuído em delegacias e locais de acolhimento de crianças vítimas de violência.

De acordo com o secretário de Direitos Humanos, Átila Nunes, o objetivo da campanha é ampliar a conscientização das famílias para o tema, que, segundo ele, além de delicado, ainda é tabu. “São muitos os casos, infelizmente, que ainda acontecem, de violações contra crianças e adolescentes. Então é importante que todas as famílias tenham consciência e que possam entender que esse diálogo tem que haver em todas as casas”.

Nunes destaca que o mais importante é prevenir o problema. “Lógico que, uma vez que os casos aconteçam, tem que haver toda a investigação policial, por isso fizemos em conjunto com a Polícia Civil. O importante é que esse vídeo chegue até as escolas, através de redes sociais, que a gente possa, a partir de agora, buscar novas parcerias, inclusive com a Secretaria de Educação, para que a gente possa realmente divulgar esse vídeo, que ele chegue ao maior número de famílias possível”.

Emocionado, o autor da cartilha, inspetor Emerson Brant, que trabalha com entrevista qualificada de criança vítima desde 2002, explica que o texto, narrado como um livro infantil, utiliza a linguagem que as próprias crianças usaram, para ajudar os pais a falar sobre o assunto com os filhos.

“Os pais tinham dificuldade de relatar esse abuso, de conversar com a criança sem o medo de estarem estimulando a sexualidade. Então a cartilha busca prevenir brincando, trazendo a linguagem da criança. Nas palestras que a gente faz, os pais entendiam a importância do diálogo, mas não sabiam como falar do tema com os filhos. O título da cartilha mesmo, foi uma criança que me falou que estava com aquilo dentro dela e que ela precisava botar a boca no trombone."

Denúncias

As denúncias de abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes podem ser feitas no conselho tutelar ou pelo Disque-Denúncia Nacional (Disque 100). Apenas em 2016, o serviço de utilidade pública que atende denúncias de violações aos direitos humanos, recebeu mais de 15 mil ligações específicas sobre violência sexual contra crianças e adolescentes. Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia foram os que mais tiveram denúncias.

No Rio de Janeiro, a DCAV faz cerca de 800 registros por ano e atende cerca de 350 vítimas. Segundo a delegada titular, Juliana Emerick, foram feitas 50 prisões pela DCAV e mais de 150 pessoas foram indiciadas. Do total de vítimas, 78% são meninas e maior faixa de incidência é de 5 a 9 anos de idade. Entre os agressores, 85% estão no âmbito familiar ou de conhecimento da vítima.

Tags:

crianças, adolescentes, violência sexual