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Papa diz que abrigos de idosos devem ser casas e não prisões

Segundo Francisco, um povo que não cuida dos seus idosos, dos seus avós, e os maltrata, é um povo sem futuro, pois perde a memória e vive separado das próprias raízes

por Danilo Macedo - Agência Brasil   publicado às 08:40 de 29/09/2014, modificado às 12:44 de 01/10/2014

Durante discurso para cerca de 40 mil idosos na Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco disse ontem (28) que nem todos os avôs e avós têm uma família pronta para os acolher e, nesse caso, os abrigos e institutos para idosos são bem-vindos, desde que sejam “realmente casas e não “prisões”. “Não podem existir centros onde os anciãos vivam esquecidos e escondidos”, afirmou.

O papa Francisco criticou os centros assistenciais onde os idosos são abandonados. Na foto, abrigo interditado pela polícia em Águas Lindas de Goiás, no ano passado. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O papa também ressaltou que os lares precisam ser realmente para os idosos e não para os interesses de alguém. “As residências devem ser pulmões da humanidade em um país, bairro ou em uma paróquia. Devem ser santuários de humanidade onde quem é velho e débil é cuidado como um irmão mais velho”, acrescentou.

Segundo Francisco, um povo que não cuida dos seus idosos, dos seus avós, e os maltrata, é um povo sem futuro, pois perde a memória e vive separado das próprias raízes. “Uma das coisas mais bonitas em uma família é poder acariciar uma criança e deixar-se acariciar pelo avô ou pela avó”, disse.

O pontífice encerrou pedindo aos homens e mulheres para que construam com paciência uma sociedade diversa, mais acolhedora, mais humana e mais inclusiva. No início de seu discurso, Francisco agradeceu a presença do papa emérito Bento XVI. “Eu disse tantas vezes que gostaria que ele habitasse aqui no Vaticano porque a sua presença é como ter um avó sábio em casa. Obrigado”.

No Brasil, há vários casos de denúncias contra casas de acolhimento de idosos. De acordo com o Censo Suas (Sistema Único da Assistência Social), existiam em 2013, em todo o país, 1.167 instituições de acolhimento cadastradas, que recebiam 44.416 pessoas idosas. De acordo com o Suas, cabe aos estados o acompanhamento do desenvolvimento da gestão do sistema e, consequentemente, os serviços socioassistenciais aos municípios.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, em caso de denúncias, os gestores são notificados e devem prestar esclarecimentos. Os conselhos de Assistência Social são informados para que possam exercer o controle social da política pública, conforme estabelecido na Política Nacional de Assistência Social.

Em julho passado, em Águas Lindas (GO)no Entorno do Distrito Federal, cinco abrigos foram interditados por maus-tratos a idosos e cinco funcionários foram presos. Na ocasião, a juíza Célia Regina Lara determinou a transferência, para os cuidados da prefeitura, dos cerca de 70 idosos e internos, dentre os quais jovens com problemas mentais e dependentes químicos.

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