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Municípios terão aplicativo para coletar dados sobre crianças fora da escola

Atualmente, 3,8 milhões de crianças de 4 a 17 anos não vão às aulas. A maioria é do sexo masculino, negra, vive na zona rural, é de famílias de baixa renda e de baixa escolaridade

por Mariana Tokarnia* - Agência Brasil   publicado às 08:43 de 19/06/2015, modificado às 08:43 de 19/06/2015

Um aplicativo ajudará a coletar dados sobre crianças e adolescentes fora da escola. O projeto é uma parceria do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com o Instituto TIM. Com os dados, os gestores terão acesso aos motivos pelos quais as crianças e jovens não estão frequentando as salas de aula e poderão criar políticas para chegar até elas.

Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vila Macedo, em Curitiba (PR). Foto: Jaelson Lucas/SMCS

Com base nos dados do Censo do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), o Unicef traçou um perfil das crianças que estão fora da escola no Brasil. São 3,8 milhões, de 4 a 17 anos. A maioria é do sexo masculino, negra, vive na zona rural, é de famílias de baixa renda e filha de pais de baixa escolaridade, além de indígenas e quilombolas. 

"Temos de acelerar, e muito [a inclusão]. Eles são o futuro do Brasil. Os últimos incluídos são muito mais difíceis que os primeiros. Os primeiros 80% dão menos trabalho que os últimos 20%", informou o representante do Unicef no Brasil, Gary Stahl.

A partir de setembro, o dispositivo será testado inicialmente em São Bernardo do Campo (SP). Posteriormente, chegará a outros 19 municípios com altos índices de crianças e adolescentes fora da escola. A tecnologia é livre. Serão coletados, entre outros dados, informações sobre a família da criança e as condições em que vive.

"É uma tecnologia móvel, que pode ser usada em tablets e celulares, o que dá uma mobilidade enorme para buscar as informações entre as crianças, de modo a saber por que elas não estão na escola. Temos estatística de todo tipo, mas não sabemos por que elas não têm acesso à educação", explicou o presidente do Instituto TIM, Manoel Horácio.

O aplicativo poderá ser usado por profissionais de diversas áreas, entre elas saúde, educação, assistência social, além de organizações não governamentais e outras instituições. Na atuação na comunidade, poderão informar casos de crianças fora da escola. Municípios, estados e Ministério da Educação (MEC) terão acesso aos dados coletados.

O aplicativo foi lançado no 15º Fórum Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, iniciado terça-feira (16) e que será encerrado hoje (19), no município baiano de Mata de São João. Participam do encontro 1.687 representantes de 1.067 municípios.

*A repórter viajou a convite da Undime

Tags:

educação, escola, crianças, adolescentes, estudantes, aplicativo, evasão escolar