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Brasileira quilombola é destaque em série do The Guardian sobre ativistas ambientais

Segundo a ONU Meio Ambiente, em 2017, aproximadamente quatro ativistas ambientais morreram por semana em todo o mundo

por ONU Brasil   publicado às 09:39 de 25/07/2018, modificado às 09:39 de 25/07/2018

Nove ambientalistas que arriscam tudo para proteger seus lares, suas terras e ecossistemas naturais de danos e da exploração contam suas histórias em ensaio fotográfico publicado no dia 21/07 na The Observer, a edição do final de semana do jornal britânico The Guardian.

A quilombola Maria do Socorro Silva luta contra a degradação ambiental causada pela maior refinaria de alumínio da Amazônia, no Pará. Foto: Thom Pierce/Guardian/Global Witness/ONU Meio Ambiente

A brasileira Maria do Socorro Silva é uma das defensoras apresentadas na série. A ativista luta contra a maior refinaria de alumínio da Amazônia, cujos investidores são majoritariamente estrangeiros. No ano passado, a líder quilombola perdeu dois companheiros de ativismo assassinados. Ninguém foi preso e as mortes estariam supostamente ligadas a poderosos políticos locais. Maria leva adiante a sua luta contra a destruição ambiental num contexto de racismo estrutural enfrentado pelas comunidades de quilombos afro-brasileiros.

Outros defensores incluem Aida Isela Gonzalez Diaz, uma antropóloga mexicana que enfrenta gangues de narcotraficantes e os interesses do agronegócio. Ramón Bedoya, agricultor colombiano, que resiste à expropriação de sua propriedade familiar. O guarda florestal ugandense Samuel Loware, que combate caçadores armados. Bobby Chan e Marivic Danyan, das Filipinas, estão protegendo os corais marinhos e as terras da comunidade.

O casal turco Biran Erkutlu e Tuğba Günal se opõe à instalação de uma hidrelétrica potencialmente devastadora. Fatima Babu, ativista indiana contra a poluição, faz campanha contra uma usina de fundição de cobre da Sterlite. A indígena sul-africana Nonhle Mbuthuma luta contra um projeto de mina de titânio em seu território ancestral na Costa Selvagem, na província do Cabo Oriental.

Em 2017, quase quatro pessoas por semana morreram defendendo o direito a um meio ambiente limpo e saudável. Suas histórias nos fazem lembrar as muitas pessoas que pagam um alto preço por se recusarem a ficar em silêncio. Com o apoio ao projeto fotográfica iniciado pela Global Witness e pelo The Guardian, a ONU Meio Ambiente homenageia esses indivíduos corajosos, que enfrentam ameaças, intimidação, assédio e assassinato.

“O direito a um meio ambiente saudável é fundamental para o nosso bem-estar coletivo. É crucial que todos nós tomemos uma posição contra os que procuram lucrar com a destruição do nosso planeta”, afirmou o diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim. “Essa é a maior luta do nosso tempo. Isso significa (que devemos) apoiar os defensores ambientais e fazer da causa deles a nossa própria causa.”

Os direitos ambientais estão consagrados nas Constituições de mais de cem países em todo o mundo. No entanto, muitas pessoas sofrem abusos, são intimidadas e forçadas a deixar suas terras. Em torno de 40 a 50% dos 197 defensores ambientais assassinados em 2017 eram de comunidades locais e indígenas.

Em março, a Iniciativa da ONU para Direitos Ambientais foi lançada em Genebra e, no dia 3 de setembro de 2018, será lançada no Museu do Amanhã, no Brasil, um dos epicentros globais da violência ambiental. A Iniciativa visa esclarecer para as pessoas o que são os direitos ambientais e como defendê-los, além de auxiliar governos a fortalecer suas capacidades institucionais para proteger os direitos ambientais. A ONU Meio Ambiente também atua junto à mídia para promover os direitos ambientais, por meio do desenvolvimento e implementação de um currículo de media training.

Os direitos ambientais são direitos humanos. Quando esses direitos estão protegidos, o planeta fica protegido. A ONU Meio Ambiente convoca todos os governos a priorizar a proteção dos defensores ambientais contra abusos e ataques e a levar à justiça, de forma rápida e definitiva, os que agridem ou ameaçam ambientalistas. A tolerância com a intimidação dos defensores ambientais fragiliza os direitos humanos básicos e o Estado de Direito Ambiental.

Acesse o ensaio do The Guardian clicando aqui.

Acesse a reportagem do The Guardian sobre a quilombola Maria do Socorro Silva clicando aqui.