Em 2013, pela primeira vez o número de pessoas resgatadas da escravidão foi maior nas cidades do que no campo. A novidade, indicada no relatório Conflitos no Campo 2013, divulgado ontem (28/04) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), está relacionada à crescente atenção das equipes de fiscalização com as condições dos trabalhadores de setores econômicos tipicamente urbanos, como a construção civil e a indústria têxtil. Dos 2.242 trabalhadores resgatados em 2013 no Brasil, 1.153 foram libertados em atividades não rurais, o que representa 51% do total de libertados.
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Mas é no campo que se concentra o maior número de casos de trabalho escravo, 141 ocorrências, 70%, contra 61 em atividades não rurais (30%). Metade dos casos rurais é registrada na pecuária e o restante distribui-se entre atividades ligadas a desmatamento (6); reflorestamente (8); extrativismo vegetal (3); cana-de-açúcar (1); outras lavouras (35); carvão vegetal (13); mineração (5).
O relatório da CPT destaca, ainda, que boa parte dos trabalhadores resgatados no meio urbano foi aliciada no campo e que a exploração de trabalho escravo está diretamente relacionada à vulnerabilidade social. "Esta [dinâmica] está diretamente ligada à migração de camponeses para a cidade, em fluxos alimentados pela desterritorialização, concentração fundiária no campo e desigualdade social", informa o documento.
Com informações da CPT e da Agência Brasil.