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Cúpula na Costa Rica discute combate à pobreza na América Latina e Caribe

167 milhões de pessoas ainda vivem na pobreza na região, considerada a mais desigual do planeta. O evento reúne chefes de Estado, de Governo e chanceleres de 33 países

por Monica Yanakiew - Agencia Brasil*   publicado às 17:09 de 29/01/2015, modificado às 17:17 de 29/01/2015

O combate à pobreza, em uma região que ainda é considerada a mais desigual do mundo, é o tema central da terceira cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), que começou na última quarta-feira (28) em San José, capital da Costa Rica. Em entrevista, o chanceler do Equador, Ricardo Patiño, citou as últimas estatísticas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal): apesar dos avanços, na ultima década, para incluir enormes esforços de melhoria da situação, 11,5% da população da região ainda vivem na pobreza extrema.

28/01/2015 - San José, Costa Rica - Presidente Dilma Rousseff cumprimenta a Presidente do Chile, Michelle Bachelet, durante III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

“Nossa região é a mais desigual do planeta: 167 milhões de pessoas ainda vivem na pobreza”, disse o presidente de Cuba, Raúl Castro, ao lembrar que as principais vítimas são os mais jovens. “Dois terços das novas gerações não chegam às universidades e acabam sendo vítimas do crime organizado e da violência”, afirmou Castro.

Existe um consenso entre os 33 países da Celac de que essa situação não pode continuar, mas, segundo Patiño, não bastam discursos para resolver o problema. Falando em nome do Equador, que amanhã (29) assumirá a presidência pro tempore (temporária) do bloco regional, ele propôs estabelecer “metas concretas, que possam ser medidas e controladas”.  Como exemplo, ele afirmou que os países-membros da Celac poderiam assumir o compromisso de reduzir o percentual de pessoas que vivem na pobreza de 11,5% a, no mínimo, 8% em cinco anos.

A presidente Dilma Roussef, por sua vez, afirmou que a recuperação da economia mundial não ocorre com a força esperada e que a situação de baixo crescimento, queda no preço das commoditties e apreciação do dólar vai exigir "cautela e esforço" dos países da América Latina e do Caribe para estimular a competitividade na região.

Na opinião de Dilma, alguns subsídios "distorcem o comércio internacional" e as reações provocam "escaladas tarifárias" que dificultam as exportações de países em desenvolvimento. "Diante desse quadro torna-se urgente nossa cooperação, priorizando o comércio intrarregional e, ao mesmo tempo, sempre que possível, estimulando o desenvolvimento e a integração de nossas cadeiras produtivas", afirmou.

A presidente também citou a aproximação do bloco com a China, que prometeu duplicar o intercâmbio comercial com a região e investir US$ 250 bilhões na próxima década, e com a União Europeia. Por fim, ela propôs a constituição de um fórum de empresários da Celac com a participação dos governos e das empresas: "seu objetivo será desenvolver o comércio, aproveitar as oportunidades diversificadas que nossas economias oferecem, e estimular, quando possível, a integração produtiva, promovendo nossas relações com o resto do mundo.”

A 3ª Cúpula da Celac em San José, na Costa Rica reúne chefes de Estado, de Governo e chanceleres dos 33 países do continente americano, com exceção dos Estados Unidos e do Canadá (que não são de origem latina). Presidentes do Uruguai, José Pepe Mujica; de Cuba, Raúl Castro; da Venezuela, Nicolás Maduro e do Chile, Michele Bachelet, estão no país para o encontro, que se encerra nesta quinta-feira (29).

*Com informações de Monica Yanakiew e Paulo Victor Chagas.

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