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Ucrânia vive um dos dias mais sangrentos de sua história moderna

Confrontos entre separatistas pró-Rússia e ucranianos deixaram ao menos 41 mortos e centenas de feridos no último dia 2 de maio

por Mykhaylo Shevchenko e Michele Zanzucchi - Città Nuova   publicado às 11:11 de 05/05/2014, modificado às 11:11 de 05/05/2014

O último dia 2 de maio de 2014 foi um dos mais sangrentos da história moderna da Ucrânia, depois do 20 de Fevereiro desse mesmo ano. O trágico balanço aponta 41 mortos e centenas de feridos.

Tudo começou com uma manifestação pró-Rússia em Odessa, que reuniu cerca de mil participantes, composta em grande parte pelos torcedores do time de futebol local. A manifestação pela unidade nacional, organizada pela Euromajdan de Odessa e fãs dos times de futebol de Chernomoretz e Metalurg foi atacada por grupos pró-Rússia, os “Antimajdan”, armados com barras de ferro, rojões e coquetéis Molotov. Alguns também estavam armados com pistolas.

Nos confrontos muitos manifestantes pró-Ucrânia ficaram feridos, incluindo três policiais, e quatro pessoas foram mortas a tiros. Uma parte da população saiu de casa para ajudar os manifestantes a prepararem coquetéis Molotov e paralelepípedos para se defenderem dos ataques separatistas.

Os confrontos se transferiram das ruas centrais para a praça Kulikovo Pole, onde os pró-Rússia ergueram suas tendas. Manifestantes pró-Ucrânia começaram a derrubar as barracas e expulsar os pró-Rússia. Houve feridos de ambos os lados. Em seguida, um grupo de pró-russos se refugiou no Palácio dos Sindicatos e começou a lançar das janelas coquetéis Molotov sobre manifestantes filo-ucranianos. Logo o fogo tomou conta do edifício, matando ao menos 38 pessoas. Entre eles, não foram encontrados residentes de Odessa. 15 eram cidadãos russos e 10 vinham da vizinha autoproclamada República da Transnístria. As armas encontradas no Palácio dos Sindicatos também vinham da Rússia e da Transnístria.

De qualquer forma, foi uma tragédia que só fez piorar a situação no leste da Ucrânia. Foram decretados três dias de luto no país. O Kremlin acusa o governo ucraniano de romper os acordos de Genebra e de atirar em civis pró-Rússia. Mas não considera que a presença de tropas paramilitares armadas até os dentes, capazes de derrubar helicópteros, fazer prisioneiros, criar cercos e abrir fogo contra veículos blindados, é totalmente ilegal em um país estrangeiro.

Agora a situação realmente corre o risco de sair do controle. Enquanto as forças do governo ucraniano continuam a ofensiva no leste com a Guarda Nacional e o Exército, os diplomatas se movem. O Ministro da Defesa italiano, Pinotti, afirmou que o país está disposto a intervir com forças de interposição.  Já o presidente russo, Vladimir Putin, e a chanceler alemã, Angela Merkel, concordaram que, nesta quarta-feira, em Moscou, o número um da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Didier Burkhalter, negociará com o Kremlin a possibilidade de organizar “mesas redondas” sob os auspícios da organização. O papa também falou sobre a situação durante o Regina Coeli: “Quero convidá-los a confiar a Nossa Senhora a situação na Ucrânia, onde não cessam as tensões. A situação é grave. Oro com vocês pelas vítimas desses dias, pedindo que o Senhor infunda nos corações de todos os sentimentos de paz e fraternidade”.

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Rússia, Ucrânia, guerra civil