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Medidas do pacote anticorrupção são necessárias, mas não suficientes, diz ONG

Para a diretora-executiva da Transparência Brasil, Natália Paiva, o foco deve ser a prevenção: "é preciso melhorar as instituições e pôr em curso medidas que evitem que o ilícito comece"

por Cristina Indio do Brasil - Agência Brasil   publicado às 08:40 de 19/03/2015, modificado às 08:41 de 19/03/2015

As medidas do pacote anticorrupção lançado ontem (18) pela presidente Dilma Rousseff não surpreenderam a organização não governamental (ONG) Transparência Brasil, que considera as ações anunciadas necessárias, mas não suficientes. Segundo a diretora executiva da entidade, Natália Paiva, durante a campanha eleitoral de 2014, a presidente já tinha prometido adotar novos mecanismos para combater a corrupção no país.

Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de lançamento do pacote de medidas anticorrupção. Foto: José Cruz/Agência Brasil

“O discurso corrente é o foco em medidas punitivas, como é o caso deste pacote. A pessoa comete o ilícito e depois sofre a punição. Nós acreditamos que, para adotar medidas estratégicas de combate à corrupção, o foco principal tem que estar na prevenção. É preciso melhorar as instituições e pôr em curso medidas que evitem que o ilícito comece. Isso ficou faltando”, avaliou a diretora da ONG, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo Natália Paiva, “é um absurdo” que até agora a prática de caixa 2 não fosse criminalizada, medida que agora foi incluída no pacote. “É necessário que seja criminalizado, é um absurdo que isso não seja ainda um crime. A questão é que, sem os mecanismos fiscalizatórios, é insuficiente”, disse.

Para Juliana Sakai, pesquisadora da Transparência Brasil, a pressão popular mostrada nas últimas manifestações no país deve dar um impulso para que o pacote do governo e outras medidas anticorrupção que tramitam no Congresso há anos sejam votadas.

“As pessoas estão indo para rua e demonstrando que estão contra a corrupção. O governo envia um pacote de medidas que depende do Congresso e joga para o Congresso a aprovação disso. Se a pressão vai ser suficiente eu não sei, mas existe uma pressão maior. Essa é a principal pauta das manifestações”, comentou.

Uma das medidas anticorrupção preventivas defendidas pela entidade é a redução no número de cargos no governo. “Um dos problemas que a gente vem apontando como uma das causas da corrupção é a excessiva nomeação de cargos. Os partidos têm o poder de loteamento de cargos. Isso acaba favorecendo grupos que querem entrar no governo e em uma empresa como a Petrobras, por exemplo, e têm interesses escusos para isto. Reduzir o poder de loteamento de cargos atacaria automaticamente uma das causas principais da corrupção, como vêm mostrando os escândalos da Petrobras”, avaliou Juliana.

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