O papa Francisco recebeu hoje (09/05), no Vatiano, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e responsáveis por agências da instituição, que estiveram reunidos em Roma nos últimos dois dias para discutir as atuais crises humanitárias.
Cidade do Vaticano- Roma (Itália), 09/05/2014 - O Papa Francisco (esquerda), cumprimenta o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Foto: Eskinder Debebe/UN
"Duas vezes por ano, convido os mais altos executivos das Nações Unidas para discutir a nossa missão global de promover a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável. Nós representamos a família das Nações Unidas e nos encontramos em um momento de prova para a família humana. A desigualdade está crescendo. A injustiça é prevalente. Há muita intolerância entre povos e religiões. Tudo isso agrava a insegurança", afirmou Ban Ki-moon.
O chefe da ONU lembrou ainda que "a República Centro-Africano é palco de uma luta terrível entre cristãos e muçulmanos. Sudão do Sul está em crise. O conflito sírio está em seu quarto ano e continua a agravar-se. As tensões na Ucrânia permanecem elevados. Em todo o mundo, os impactos da mudança climática já estão sendo sentidos e afetarão as gerações vindouras", advertiu.
Por fim, Ban Ki-moon saudou o empenho pessoal de Bergoglio na erradicação da pobreza e na defesa da dignidade humana e o convidou a "expor a sua visão para o nosso futuro comum" em Nova York, na tribuna das Nações Unidas.
Na resposta, o papa elogiou “os grandes esforços realizados em favor da paz mundial, do respeito pela dignidade humana, da protecção da pessoa, especialmente dos mais pobres ou frágeis, e do desenvolvimento econômico e social harmonioso”, mas recomendou que os líderes do ONU se empenhassem ainda mais, pois "só é possível assegurar o que foi alcançado buscando obter aquilo que ainda falta".
Francisco os exortou ainda a "se oporem à economia de exclusão, à cultura do desperdício e à cultura da morte que, infelizmente, podem ser aceitas pela passividade". E acrescentou: "a consciência da dignidade de cada irmão, cuja vida é sagrada e inviolável desde a concepção até ao seu fim natural, deve levar-nos a compartilhar, com gratuidade total, os bens que a Providência colocou em nossas mãos, sejam eles a riqueza material, sejam obras de inteligência e de espírito, e a restituir com generosidade e abundância aquilo que podemos ter injustamente negado aos outros".