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Gabrielli reitera que Pasadena foi bom negócio à época

Segundo ele, os momentos ruins da refinaria foram vividos durante a crise econômica mundial e a mudança do mercado de petróleo com a descoberta do gás de xisto em território americano

por Karina Melo - Agência Brasil   publicado às 08:54 de 21/05/2014, modificado às 08:56 de 21/05/2014

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado ouve o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli disse ontem (20/05) no Senado que a aquisição da Refinaria de Pasadena – no Texas, em 2006 – foi um bom negócio à época. Segundo ele, o empreendimento “passou por momentos ruins e voltou a ser um bom negócio”. Ele depôs na comissão parlamentar de inquérito do Senado formada para investigar irregularidades na estatal.

De acordo com Gabrielli, os momentos ruins da refinaria foram vividos durante a crise econômica mundial e da mudança do mercado de petróleo com a descoberta do gás de xisto em território americano. Segundo o executivo, a situação mudou novamente em 2013 e, agora, trata-se de uma unidade lucrativa, devido principalmente à existência de óleo leve e barato no Texas para ser processado.

“Essa empresa não pode ser qualificada como uma empresa mal gerida, como uma empresa que está em crise. Isso é campanha de oposição. Isso é luta política”, disse ele.

Em abril, ao participar de audiência na Câmara, Gabrielli já havia informado que a compra de Pasadena era, naquele momento, um bom negócio para a estatal brasileira. Disse ainda que a empreitada atendia ao plano estratégico da empresa e que o preço pago foi o de mercado. Ainda na Câmara dos Deputados, Sergio Gabrielli admitiu que todos os detalhes do negócio não eram conhecidos por todos os integrantes do conselho de administração da estatal, que à época era presidido pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Sem a presença de parlamentares de oposição, Gabrielli, que esteve à frente da Petrobras entre 2005 e 2011, é o primeiro a depor na CPI da Petrobras, no Senado. A comissão investiga ainda a possibilidade de a companhia holandesa SMB Offshore ter subornado funcionários da Petrobras para fechar contratos com a estatal brasileira, além de indícios de segurança precária nas plataformas marítimas. O próximo convocado a depor na CPI é o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Será na quinta-feira (22/05), às 10h15. No dia 27 de maio, será a vez da atual presidente da estatal, Graça Foster. O requerimento para que ela seja ouvida foi aprovado na última quarta-feira (14/05), junto com outros 74.

Único senador da oposição que compõe a CPI da Petrobras no Senado, Cyro Miranda (PSDB-GO) optou por não comparecer à audiência de hoje.  Ele e os outros oposicionistas decidiram investir na comissão parlamentar mista de inquérito, que terá também com a participação de deputados.

Na avaliação do senador Wilder Morais (DEM-GO), que foi indicado pelo presidente do Senado para compor a CPI da Casa e se recusou, somente uma comissão mista terá condição de fazer investigações reais sobre as denúncias de irregularidades e má gestão na empresa. “Nós decidimos que não vamos perder tempo com isso, uma CPI onde seriam dez contra três. Vamos investir tempo numa CPI mista, mais equilibrada, onde as condições de investigações serão melhores”, disse. A expectativa da oposição é que a CPMI seja instalada na próxima terça-feira (27/05).

“Terça-feira, inexoravelmente, teremos 32 nomes. Nós já estamos com o roteiro pronto e com os requerimentos elaborados para começar a trabalhar”, disse o líder do Democratas, senador José Agripino Maia (RN). Segundo ele, um dos convocados para depor na comissão mista deve ser o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

“Em qualquer hipótese o Paulo Roberto Costa é uma pessoa central [para as investigações]. Com ele solto pelo Supremo Tribunal Federal será mais fácil ouvi-lo. Mas se ele estiver preso de novo, nós vamos tentar trazê-lo do mesmo jeito”, disse.

Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Lava Jato. Ele é acusado de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 10 bilhões e de beneficiar empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef em contratos com a companhia. Costa foi solto no último dia 19, após liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, mas está proibido de deixar o Rio de Janeiro e teve que entregar o passaporte.

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