Religião / Política
  

Papa recorda viagem a Cuba e EUA: construir pontes, pois os muros caem

"“A misericórdia de Deus é maior do que qualquer ferida, de qualquer conflito e de qualquer ideologia", afirmou o pontífice na Praça S. Pedro, para cerca de 30 mil fiéis

por Daniel Fassa   publicado às 10:13 de 30/09/2015, modificado às 10:13 de 30/09/2015

A recente viagem a Cuba e aos Estados Unidos foi o tema da Audiência Geral de Francisco nesta quarta-feira (30/09), o primeiro compromisso público do Papa de regresso ao Vaticano.

Francisco em Cuba: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate

Na Praça S. Pedro, cerca de 30 mil fiéis acolheram calorosamente o Pontífice,  que os saudou a bordo do seu papamóvel antes de pronunciar a sua catequese. O Papa saudou também os doentes que acompanharam a Audiência na Sala Paulo VI através dos telões.

De modo especial, Francisco agradeceu aos Presidentes Raúl Castro e Barack Obama e ao Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, pela recepção que lhe reservaram.

Cuba

Recordando a primeira etapa de sua 10ª viagem internacional, o Papa disse que se apresentou em Cuba como “Missionário da Misericórdia”: “A misericórdia de Deus é maior do que qualquer ferida, de qualquer conflito e de qualquer ideologia; e com este olhar de misericórdia, pude abraçar todo o povo cubano, dentro e fora da pátria”.

Com os cubanos, disse ainda Francisco, "pude compartilhar a esperança do cumprimento da profecia de São João Paulo II: 'que Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba'. Não mais fechamentos, não mais exploração da pobreza, mas liberdade na dignidade”, pediu o Papa. Este é o caminho a seguir, acrescentou, buscando força nas raízes cristãs daquele povo que tanto sofreu. Símbolo dessa unidade profunda da alma cubana é a Virgem da Caridade do Cobre, Padroeira da Nação.

A passagem de Cuba aos Estados Unidos foi emblemática, disse o Papa, pela ponte que está sendo reconstruída. “Deus sempre quer construir pontes; somos nós que construímos muros. E os muros caem, sempre.”

Estados Unidos

Sobre Washington, Francisco citou a canonização do Fr. Junípero Serra. Sobre Nova Iorque, recordou a visita à sede central da Organização das Nações unidas e seu apelo por mais esforços para a proteção do meio ambiente e contra as violências sofridas em conflitos pela sociedade civil e pelas minorias étnicas e religiosas.

O Papa citou ainda a oração inter-religiosa pela paz no Memorial Ground Zero e a missa no Madison Square Garden.

Famílias

O ápice da viagem, disse ele, foi o Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia, onde teve a oportunidade de reiterar que a família, fundada na aliança entre o homem e a mulher, é a resposta ao grande desafio do nosso mundo. Desafio que Francisco apontou em dois fenômenos: a fragmentação e a massificação – dois extremos que convivem e promovem o modelo econômico consumista.

“A família é a resposta porque é a célula de uma sociedade que equilibra a dimensão pessoal e aquela comunitária e que, ao mesmo tempo, pode ser o modelo de uma gestão sustentável dos bens e dos recursos da criação. A família é o sujeito protagonista de uma ecologia integral.”

Para Francisco, foi providencial que o Encontro tenha se realizado nos Estados Unidos, o país que no século passado alcançou o máximo do desenvolvimento econômico e tecnológico, sem renegar as suas raízes religiosas.

“Agora, essas mesmas raízes pedem para partir novamente da família para repensar e transformar o modelo de desenvolvimento, pelo bem de toda a família humana.”

Tags:

papa Francisco, Vaticano, Estados Unidos, cuba, viagem internacional