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Rio aposta no esporte para unir policiais e moradores de comunidades pacificadas

A ideia do governo estadual é proporcionar um ambiente de integração. No próximo ano, além do futebol masculino, o torneio terá futebol feminino e vôlei masculino e feminino

por Agência Brasil   publicado às 09:45 de 02/10/2015, modificado às 09:45 de 02/10/2015

Após a polêmica envolvendo policiais militares suspeitos de alterar cena de crime no Morro da Providência, na região central da capital fluminense, o governo do estado aposta no esporte para unir comunidades e policiais militares.

Comunidade da Rocinha, localizada na zona sul do Rio. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Ontem (1º), no lançamento, no anexo do Palácio Guanabara, da 1ª Copa UPP, torneio de futebol entre moradores de comunidades pacificadas e policiais militares, o governador Luiz Fernando Pezão disse que as comunidades receberão muito bem a iniciativa de aliar o esporte à educação dentro das comunidades.

“Temos trabalhos de esporte no Morro da Providência com um atleta campeão treinado por soldados da UPP. Ele é campeão de jiu-jitsu e campeão mundial. Sabemos que o esporte é um meio que pode possibilitar muitos avanços na política de pacificação.”

Secretário de Esporte, Lazer e Juventude, Marco Antônio Neves Cabral, idealizador da competição, afirmou que a ideia da Copa UPP é proporcionar, por meio do esporte, um ambiente de integração entre os policiais e moradores.

“Fui a um campeonato onde comunidades não pacificadas e que não tinham uma boa convivência quebraram essa barreira através do esporte. Pensei em fazer isso integrando as 35 UPPs. É o que estamos fazendo.”

Segundo Marco Antônio, no próximo ano, além do futebol masculino, o torneio terá futebol feminino e também vôlei masculino e feminino. Para 2017, o projeto é organizar uma Olimpíada das UPPs, com, ao menos, cinco modalidades olímpicas.

O ex-jogador Andrade, do Flamengo e da Seleção Brasileira, com origem em uma comunidade carioca, disse que o esporte é a melhor forma de inserir o jovem na sociedade. “Assim como saí de um lugar humilde e realizei meu sonho, eles também podem. O esporte é uma porta aberta para atingirmos objetivos na vida.”

Morador da comunidade Fé e Sereno, no Complexo da Penha, na zona norte do Rio, o mecânico Adriano Correa, 26 anos, adiantou que a copa será um momento único na vida dos participantes e que a iniciativa de juntar comunidades e policiais foi muito boa. 

“Assim que surgiu a iniciativa, procuramos passar para os moradores que os policiais são como integrantes da comunidade. A integração tem de ocorrer, porque o policial está ali para fazer seu trabalho. Então, os moradores têm de ter a consciência de que a intenção [do campeonato] é integrar”, afirmou Correa.

De acordo com o soldado Fernando dos Santos Barbosa, 30 anos, da UPP Chatuba, a integração com os moradores será um “desafio”, porque nem todas as comunidades aceitam os policiais.

“Temos de fazer um trabalho social, de modo que a comunidade aceite a união dos moradores com os policiais militares. Quando a palavra integração é dita há um receio, mas o esporte tem a força de unir os lados”, acrescentou Barbosa.

O campeonato contará com 35 equipes de 35 regiões com UPPs. Nas equipes, há policiais militares e moradores. A competição premiará os três primeiros colocados com bolsas de estudo para cursos livres de Educação à Distância, da Universidade Estácio de Sá.

Os jogos começam sábado (3) e seguem até 28 de novembro, data da final. As partidas ocorrerão sempre aos sábados e domingos, em duas rodadas: às 9 horas e às 11 horas. Troféus serão entregues ao artilheiro e ao goleiro menos vazado, além da torcida mais animada e a equipe mais disciplinada. Outras sete bolsas de graduação serão sorteadas entre os destaques da Copa UPP.

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