A plateia nas mesas principais da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) foi menor que no ano passado, mas o telão externo, próximo à tenda dos autores, teve uma estimativa de espectadores maior o suficiente para elevar o público do evento entre quarta-feira e sábado.
Olimpíadas e crise prejudicaram a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Foto: Fernando Frazão/Ag. Brasil
A organização da festa contabilizou em 23 mil as pessoas que acompanharam os debates, número maior que no ano passado, quando a Flip reuniu 21 mil pessoas nos mesmos dias. O público que comprou ingressos ou acessou com convites as mesas da tenda dos autores caiu de cerca de 13,2 mil, em 2015, para para 12,2 mil, em 2016.
Ao fazer um balanço do evento, o diretor da associação organizadora da Flip, a Casa Azul, Mauro Munhoz, disse que o ano foi "extremamente difícil para todos" e que conseguir realizar a Flip atendendo a expectativa do público. "Foi uma alegria muito grande", disse. Munhoz afirmou que flutuações de público são normais, mas disse que a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos impactou a Flip por forçar a mudança do início da festa para o fim junho.
"A gente perde público, e a gente sabia disso, por conta das universidades", disse o diretor. "Se fosse uma semana depois, aumentaria muito os custos da infraestrutura de evento e isso estava fora do nosso orçamento. Na verdade, o resultado de público é extremamente positivo", avaliou.
O curador da Flip, Paulo Werneck, lembrou que o telão foi criado em 2014 e, desde então, vem conquistando as pessoas. "O público está comprando a ideia do telão, de assistir lá. Tenho vários amigos que estavam lá. O telão virou um espaço ocupado pelo público".
Werneck também comentou a falta de representantes negros nas mesas principais do evento e disse que a organização da Flip está em um movimento de interlocução e que não faz a festa apenas com seu próprio repertório. O curador disse que a intenção do evento era fazer uma mesa de encontro com Elza Soares, para dar destaque à cantora negra, mas que o convite foi recusado. O rapper Mano Brown também teria recusado, segundo a Flip. "Foram planos que não se concretizaram".
Flipinha
A diretora da Flipinha, Belita Cermelli, comemorou o resultado da programação destinada à literatura infantil. Ela disse que o orçamento menor fez o evento ficar mais colaborativo. "A gente viu muito mais adultos interessados na programação da Flipinha e acho que isso tem a ver com o interesse em discutir lireratura infantil".
Belita disse ainda que acredita que, se as ruas de Paraty estavam mais vazias neste ano, isso também se deve às programações alternativas dentro das casas e ao fato de a crise afastar o turista que vem apenas para passear na cidade, sem frequentar os eventos literários.