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Educação e rendimentos altos aumentam expectativa de vida, diz relatório da OCDE

"Pessoas com níveis mais baixos de educação são mais propensas a fumar, ser obesas, ter dietas menos equilibradas e ser menos fisicamente ativas”, diz o documento

por Marieta Cazarré – Agência Brasil   publicado às 10:14 de 13/11/2017, modificado às 10:14 de 13/11/2017

Um aumento nos rendimentos, assim como o maior nível de escolarização de uma pessoa, significam maior expectativa de vida.. A conclusão está no relatório apresentado na última sexta-feira (10) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – o relatório Health at a Glance 2017 (Uma visão sobre a Saúde, em tradução livre).

Foto: Cheryl Empey/Free Images

"Pessoas com níveis mais baixos de educação são mais propensas a fumar, ser obesas, ter dietas menos equilibradas e ser menos fisicamente ativas”, diz o documento, que traz os últimos dados e tendências dos indicadores de saúde e sistemas de saúde nos 35 países membros e diversos parceiros. Entre eles, estão Brasil, China, Colômbia, Costa Rica, Índia, Indonésia, Lituânia, Rússia e África do Sul.

De acordo com o estudo, o aumento de 10% nos rendimentos significa um ganho de 2,2 meses no final da vida. E o aumento de 10% na cobertura da educação primária significa um ganho de 3,2 meses na expectativa de vida.

Quando a comparação é em relação a pessoas com ensino básico e ensino superior, o ganho na expectativa de vida é mais impactante. O estudo revelou que pessoas com formação superior tendem a viver seis anos a mais do que as que possuem apenas o nível básico.

A expectativa de vida tem grande variação entre os países analisados. A diferença em comportamentos de risco como o tabagismo e a obesidade, que têm um grande impacto na saúde, podem explicar parcialmente esta variação, além do impacto de fatores como a renda e a educação.

As conclusões mostram que, de maneira geral, as pessoas mais bem educadas têm mais acesso a informação e tendem a ter estilos de vida mais saudáveis, o que contribui para uma vida mais longeva.

Tabagismo e Álcool

Em relação ao consumo de álcool, a conclusão não foi a mesma. De acordo com o relatório, as mulheres mais bem educadas são mais propensas a beber excessivamente, embora com os homens aconteça o oposto. Ao mesmo tempo, o dano causado pelo álcool é mais prevalente entre os grupos menos educados e de baixa renda, em parte por causa de fatores de risco e menor acesso aos cuidados de saúde.

Se as taxas de tabagismo e o consumo de álcool fossem reduzidos pela metade, a expectativa de vida aumentaria em 13 meses.

De acordo com o relatório, as taxas de tabagismo diminuíram na maioria dos países da OCDE, mas cerca de um em cada cinco adultos ainda fumam diariamente (18%, sendo 14% das mulheres e 23% dos homens).

As taxas mais altas são observadas na Grécia, Hungria e Turquia, bem como na Indonésia (mais de 25%) e menor no México e no Brasil (menos de 10%).

As mulheres fumam mais na Áustria, Grécia e Hungria, onde as taxas excedem 20%, enquanto fumam menos na Coreia, México, China, Índia e Indonésia, onde as taxas estão abaixo de 5%.

Quanto aos homens, as taxas são mais altas na Turquia, China, Indonésia e Rússia (superior a 40%), enquanto estão abaixo de 10% na Islândia e no Brasil.

Em toda a OCDE, o consumo de álcool diminuiu desde 2000, passando de 9,5 litros per capita por ano para 9 litros de álcool, o equivalente a quase 100 garrafas de vinho. No Brasil, o consumo é de 7,3 litros per capita por ano, não havendo aumento nem diminuição desde 2000. As maiores quedas ocorreram na Dinamarca, Irlanda, Itália e Holanda.

No entanto, o consumo aumentou em 13 países no mesmo período, principalmente na Bélgica, Islândia, Letônia e Polônia. Além disso, um em cada cinco adultos bebe regularmente em toda a organização.

Longevidade

A expectativa de vida ao nascer é de 80,6 anos, em média, nos países da entidade. A taxa mais alta é no Japão (83,9 anos), seguido pela Espanha e Suíça (83 anos cada) e menor na Letônia (74,6) e no México (75). No Brasil a taxa é de 74,7 anos.

A Turquia, a Coreia e o Chile tiveram os maiores ganhos na expectativa de vida desde 1970.

De maneira geral, as mulheres podem esperar viver um pouco mais de cinco anos mais do que os homens.

Obesidade

Desde o final da década de 1990, a obesidade aumentou rapidamente em muitos países da OCDE e mais do que duplicou na Coreia e na Noruega.

Mais da metade (54%) dos adultos nos países da organização hoje têm sobrepeso, incluindo 19% que são obesos. As taxas de obesidade são superiores a 30% na Hungria, México, Nova Zelândia e Estados Unidos.

Entre os adolescentes de 15 anos de idade, 25% estão com sobrepeso e apenas 15% fazem atividade física regularmente.

Gastos com saúde

Os gastos com a saúde contribuem para a longevidade, mas apenas explicam parte das diferenças e ganhos na expectativa de vida ao longo do tempo. Novas estimativas sugerem que hábitos mais saudáveis e outras determinantes sociais da saúde também são fundamentais.

Por exemplo, um maior gasto com a saúde normalmente significa aumento na longevidade. Mas o fundamental não é apenas gastar e, sim, saber como os recursos serão gastos. O estudo mostra que reduzir o desperdício é fundamental para maximizar o impacto dos recursos públicos sobre os resultados da saúde.

Outro exemplo é o aumento do uso de medicamentos genéricos na maioria dos países da OCDE, que gerou uma economia de custos, representando mais de 75% do volume de produtos farmacêuticos vendidos nos EUA, Chile, Alemanha, Nova Zelândia e Reino Unido.

Os antibióticos, que só devem ser receitados quando absolutamente necessários, sofrem variações nas prescrições de mais de três vezes em diferentes países, com a Grécia e a França relatando volumes muito superiores à média da entidade.

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