O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ontem (12) que as forças de segurança iraquianas se abstenham de intervir no processo político do país, onde a intensificação das tensões políticas, junto com a ameaça do grupo armado Estado Islâmico, pode levar o país a uma crise ainda mais profunda.
“Eu exorto firmemente que todos os partidos políticos e os seus apoiantes mantenham a calma e respeitem o processo político regido pela Constituição”, disse Ban durante uma coletiva de imprensa.
Crianças refugiadas iraquianas abrigadas em Sinjar, Iraque. Foto: Crescento Vermelho Iraquiano/UNOCHA
O chefe da ONU também parabenizou os esforços liderados pelo atual primeiro-ministro, Haider al-Abbadi, para formar um novo governo e pediu mais uma vez que os iraquianos apoiem o processo democrático em curso.
“Os iraquianos precisam de segurança. No entanto, o ódio e a brutalidade estão se espalhando”, disse o chefe da ONU. Na ocasião, ele disse estar “profundamente consternado” pelos “atos bárbaros” realizados por membros do Estado Islâmico, que incluem relatos de execuções sumárias, crianças retiradas à força de suas casas para lutar, além de meninas raptadas ou vendidas como escravas sexuais.
Ele pediu à comunidade internacional para ajudar ainda mais, de modo a oferecer proteção. Ban condenou firmemente a perseguição sistemática aos indivíduos das comunidades minoritárias e aqueles que recusam a ideologia extremista do grupo armado e seus aliados.
"Potencial genocídio”
“Todas as medidas possíveis devem ser tomadas com urgência para evitar atrocidades em massa e um potencial genocídio dentro de dias ou horas. Os civis devem realmente ser protegidos e levados para fora de situações de extremo perigo”, alertou a relatora especial da ONU sobre questões de minorias, Rita Izsák.
Especialistas independentes das Nações Unidas demonstraram grande preocupação com os riscos de um possível massacre à minoria religiosa Yazidi no Iraque.
Os especialistas se uniram ao pedido do chefe da ONU na exigência de proteção imediata dos direitos humanos dos Yazidis e outras comunidades afetadas, muitos se encontrando agora sitiados nas montanhas de Sinjar, sem acesso a comida ou água e sobrevivendo sob temperaturas que oscilam dos 40 ou 45 graus.
“Grupos minoritários permanecem presos em áreas sob o controle dos grupos armados que dão o ultimato: ‘se converter ou morrer’”, acrescentaram os especialistas.
Nas últimas semanas, cerca de 250 mil membros de minorias religiosas foram obrigados a fugir de suas casas para escapar do avanço do Estado Islâmico e dos grupos armados aliados. “Estamos testemunhando o desdobramento de uma tragédia de enormes proporções e milhares de pessoas sofrem o risco imediato de morrer pela violência ou de fome ou sede”, alertaram.