Na cidade de Kenema, em Serra Leoa, a adolescente Mary, de 15 anos, é acordada pelo irmão numa madrugada. Amadou, de quatro anos, quer saber mais uma vez onde está a mãe.
Amadou (esq.) e sua irmã Awa. Foto: Unicef Serra Leoa/2014/Bindra
Mary contou sua história ao Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e lamentou não ter conseguido dizer ao irmão que a mãe não resistiu ao ebola e veio a morrer. O menino Amadou também teve o vírus e teve alta da unidade de tratamento de ébola há dois meses.
Com a morte da mãe, que já era separada de seu pai, Mary ficou responsável por criar e cuidar de Amadou e a irmã mais nova, Awa. Ao Unicef, a menina contou que agora precisa cozinhar, limpar a casa e depende da ajuda de vizinhos para ter comida.
Outra dificuldade da jovem é para continuar seus estudos, uma vez que as aulas estão suspensas. O Unicef acredita que em Serra Leoa, 600 crianças ficaram órfãs desde o início do surto.
Estigma
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,2 mil pessoas morreram pelo ebola em Serra Leoa, entre mais de 3,4 mil infectados.
Além disso, as crianças de África Ocidental estão sofrendo estigma e rejeição de suas comunidades e familiares, especialmente quando são sobreviventes.
O Unicef está pedindo US$ 61 milhões para assistir os menores afetados pelos impactos do ebola, mas recebeu menos de 40% desse valor até o momento. No total, o vírus já matou 4.555 pessoas entre 9.216 pacientes.