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Copa dos Refugiados reúne estrangeiros acolhidos no Brasil

Iniciativa pretende chamar atenção para a presença de estrangeiros no país e apontar as políticas públicas necessárias para o acolhimento

por ONU Brasil*   publicado às 10:10 de 24/07/2014, modificado às 10:12 de 24/07/2014

Sorteio dos grupos da Copa dos Refugiados. Foto: ONU Brasil/Divulgação

A Copa do Mundo já passou, mas o Brasil vai sediar outra Copa neste ano, ainda mais colorida e diversa: a Copa dos Refugiados. Serão 16 países que entrarão em campo em uma disputa que propõe o encontro entre diferentes culturas e pretende dar visibilidade à presença de pessoas que foram acolhidas no Brasil. Organizada pelos próprios refugiados que vivem no país, com o apoio do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), da Caritas Arquidiocesana de São Paulo e de diversas organizações da sociedade civil, a Copa acontecerá nos dias 2 e 3 de agosto em São Paulo.

Cada time terá dez jogadores, sendo que três ficarão na reserva. As partidas vão ocorrer no Centro Esportivo do Glicério, região já conhecida pelos imigrantes que são acolhidos pela Missão Paz, organização da Igreja Católica. A partida terá duração de 30 minutos e a grande final ocorre no domingo, dia 3 de agosto. O primeiro jogo será entre Camarões e Iraque. A Copa possui até hino oficial.

O músico Uchen Henry, 21 anos, ficou à frente da organização dos jogos. “Primeiro, queremos unir os refugiados, fazer amizades. Depois mostrar para os brasileiros que nós existimos, que somos pessoas que saímos dos nossos países para salvar as nossas vidas”, relatou o jovem, que está no Brasil há oito meses. 

De acordo com Larissa Leite, coordenadora de Relações Exteriores da Cáritas, as seleções de refugiados foram formadas por integrantes dos países, mas talvez seja necessário fazer adaptações, pois algumas nacionalidades não têm muita aproximação com o esporte. “No Afeganistão, por exemplo, eles jogam mais o críquete. Até agora não foi preciso, mas talvez tenhamos que contar com um reforço em algum time”, apontou. Os afegãos enfrentam os cubanos no primeiro jogo. 

Leite destacou ainda que os jogos serão uma oportunidade para apontar as políticas necessárias para acolhimento dessas populações no país. Entre as ações fundamentais para os refugiados, ela destaca a orientação profissional e o conhecimento da língua. A coordenadora apontou ainda novos desafios nesse acolhimento, com a frequente chegada de adolescentes desacompanhados ao país. “Trata-se de um grupo ainda mais vulnerável e que necessita de um olhar especial”, avaliou.

O Brasil abriga cerca de 5 mil refugiados de 80 nacionalidades, sendo que 34% são mulheres. O país é signatário dos principais tratados internacionais de direitos humanos – inclusive a Convenção das Nações Unidas de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e seu Protocolo, de 1967. A lei brasileira de refúgio garante documentos básicos, liberdade de movimento e outros direitos civis.

*Texto original editado pela Cidade Nova / Com informações da Agência Brasil

Tags:

Direitos Humanos, Copa do Mundo, cooperação, esporte, refugiados