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“Faria tudo de novo”, diz tia que adotou sobrinha com microcefalia

Moradora de São Vicente Férrer, a 120 quilômetros do Recife, Ângela Maria da Silva não tem renda alta, mas diz não temer os cuidados que a doença da bebê exigirá

por Sumaia Villela – Agência Brasil   publicado às 10:31 de 26/02/2016, modificado às 10:31 de 26/02/2016

Com apenas 3 meses de vida, Lívia Vitória já teve de lidar com o abandono. Diagnosticada com microcefalia, ela foi deixada pela mãe e pelo pai. Mas graças à tia Ângela Maria da Silva, 45 anos, a menina terá a chance de crescer em um lar e receber amor. 

A dona de casa Ângela Maria da Silva adotou a sobrinha Lívia Vitória depois que a mãe da criança resolveu abandoná-la. Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil

“A mãe é usuária de drogas. Teve a filha, mas não quis tomar conta. A juíza falou para procurar alguém que quisesse. Aí eu vi a Lívia sofrendo e resolvi pegar para criar”, resume Ângela sobre a história da adoção, por enquanto informal, da menina.

A reportagem da Agência Brasil encontrou as duas no Hospital Oswaldo Cruz, no Recife, onde foi colhido material biológico para verificar a ligação entre a síndrome e o vírus Zika.

Ângela é tia biológica da criança. O irmão, segundo ela, não tem condições de criar a menina.

Moradora de São Vicente Férrer, a 120 quilômetros do Recife, Angela saiu de casa às 3h da manhã com Livia no colo para ir a uma consulta. Chegou ao hospital às 5h30. Os atendimentos são feitos por ordem de chegada e têm início às 7h30. Ela e a pequena Lívia só conseguiram sair do hospital às 11h.

Um carro da prefeitura do Recife busca e leva a família em casa. “Em São Vicente Férrer ela é acompanhada por uma enfermeira que mede o tamanho dela, mas todo o tratamento é feito aqui. Eu acho bom porque aqui tem mais recurso para o tratamento dela, né?”, avalia.

Pela idade de Lívia Vitória ainda não é possível saber quais limitações físicas e psicológicas ela vai ter, mas a mãe adotiva já nota sinais diferentes de outros bebês da mesma idade. “Ela chora bastante, balança muito a cabeça, geme muito. Tem noite que não dorme. Não mexe as perninhas”, relata, ressaltando que a microcefalia foi uma surpresa, já que a mãe biológica não fez o pré-natal.

A família de Ângela não tem renda alta. Apesar disso, ao ser questionada sobre o que sente ao pensar que adotou uma criança que vai precisar de tantos cuidados, fala com tranquilidade: “Eu me sinto muito emocionada. Não fiquei com medo não, porque ela estava sofrendo e eu queria muito ajudar. Tudo o que eu quero é a saúde dela. Em momento algum me arrependo porque tomei conta dela não. Faria tudo de novo”.

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