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Simpósio em Genebra discute combate ao discurso de ódio contra refugiados

Segundo representante da Aliança das Civilizações, da ONU, eles têm sido equivocadamente vistos como um peso para a economia das comunidades de acolhimento

por ONU Brasil   publicado às 07:49 de 01/02/2017, modificado às 07:49 de 01/02/2017

A Aliança de Civilizações da ONU e a União Europeia promoveram na semana passada um simpósio em Bruxelas, na Bélgica, para abordar o desafio crescente do discurso de ódio contra migrantes e refugiados no mundo todo.

Deslocados internos iraquianos de Mossul em uma tenda do ACNUR no campo de trânsito de Garmava, próximo a um posto de controle na estrada entre Mossul e Duhok, no Curdistão iraquiano. Foto: ACNUR/S.Baldwin

Lançada em 2005 por iniciativa de Espanha e Turquia, e sob os auspícios das Nações Unidas, a Aliança busca promover melhores relações interculturais em todo o mundo.

Em discurso no evento, o alto representante da Aliança, Nassir Abdulaziz Al-Nasser, afirmou que o êxodo em massa de migrantes que fogem de conflitos e pobreza em Iraque, Síria, Líbia e outros países com destino à Europa alimentou temores, preconceitos e até mesmo ódio contra aqueles que são vistos como “estranhos” pelas populações locais. Tais percepções distorcidas também levaram a reações violentas dentro das sociedades de acolhimento.

Al-Nasser observou que os refugiados estão cada vez mais sendo vistos como um peso para a economia das comunidades de acolhimento, embora os próprios Estados-membros reconheçam sua contribuição positiva para o crescimento inclusivo e sustentável.

Salientando a importância dos meios de comunicação e, especialmente, das mídias sociais — que podem influenciar percepções —, o representante disse que, apesar das políticas progressistas defendidas por alguns líderes europeus, os refugiados continuam sendo retratados como “terroristas potenciais” e “ameaças à segurança nacional”.

“As mídias sociais oferecem uma plataforma ampla e aberta para o discurso de ódio, facilitando a rápida divulgação de narrativas negativas”, acrescentou, observando que este ambiente criou um sentimento de medo e desconfiança nas comunidades de acolhimento, tendo impactos adversos nos direitos e liberdades dessas populações deslocadas.

Al-Nasser pediu à comunidade internacional que reconheça o papel da sociedade civil na formulação de políticas públicas que visam a conter a propagação do discurso de ódio e influenciar atitudes do público em restringir essas percepções nos meios de comunicação, inclusive através de recomendações políticas.

“Faremos o possível para contar as verdadeiras histórias de refugiados, a fim de proteger os interesses das comunidades e proteger os direitos de cada indivíduo. Precisamos encontrar um equilíbrio que proteja a liberdade de expressão, bem como os direitos dos migrantes enquanto seres humanos com direitos humanos”, frisou.

O simpósio foi organizado sob a iniciativa #SpreadNoHate (Não Espalhe o Ódio, em tradução livre). A campanha nas redes sociais tem como objetivo combater o discurso de ódio e as provocações contra migrantes e refugiados na Europa e em outras partes do mundo.

Tags:

Fraternidade, solidariedade, refugiados, acolhida, imigrantes, ódio