O que 2014 deixou...

O ano de 2014 está chegando ao fim. Em meio a todas as nostalgias que o período traz, propomos uma reflexão sobre o que aconteceu no campo ambiental. O texto, publicado na última edição do ano da revista Cidade Nova, foi escrito por Rafael Jó Girão, gestor ambiental, mestre em políticas públicas ambientais pela USP/ESALQ, diretor da ONG Florespi e consultor do Programa Município VerdeAzul da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Problemas ambientais inadiáveis

2014 foi um ano caótico para o meio ambiente, com sérias consequências para a sociedade e a economia do Brasil. Mas o pior é ver que governos, empresas, ONGs e sociedade ainda não compreenderam que no planeta existe um equilíbrio na relação entre os seres vivos e destes com o ambiente físico que habitam. E, se entenderam, ainda não conseguiram transformar esse pensamento em ações mais sustentáveis.

Um bom exemplo dessa situação é a questão da água. Enquanto Norte e Sul sofrem com inundações, Centro-Oeste e Sudeste...

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Às portas de uma nova conferência do clima

Secretário geral da ONU, Ban Ki Moon, discursa durante a COP 19. Foto: UN Photo/Mark Garten

A 20ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima, ou simplesmente COP 20, está para começar em Lima, no Peru. A partir de segunda-feira (1º), lideranças e representantes de 190 países estarão reunidos para discutir um acordo global de redução das emissões dos gases de efeito estufa, que só será assinado em Paris, no ano que vem, na COP 21.

A expectativa em torno da reunião é grande, já que serão discutidos assuntos delicados com relação às mudanças climáticas, que vão ajudar a reformular o Protocolo de Kyoto, prorrogado até 2020. O rascunho do acordo climático de Paris tem que estar pronto até 31 de maio, mas a reunião de Lima pode sinalizar o que será ratificado daqui a um ano.

Na verdade, há sinais positivos sendo emitidos por países considerados “chave” na emissão de gases de efeito estufa (GEE). Entre eles, está o acordo anunciado pelos dirigentes dos Estados Unidos e da China...

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Veta população!

Lixão da Estrutural, em Brasília. Foto: Wilson Dias/Arquivo Agência Brasil (2012)

Há quatro anos foi sancionada a Lei 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Sua tramitação demorou 20 anos e custou uma grande mobilização social para que entrasse na pauta de votação. A lei ficou conhecida por prever o fim dos lixões até agosto deste ano, que seriam substituídos por aterros sanitários. E este foi o ponto mais polêmico até agora.

Muitos municípios não conseguiram se adequar - entre eles Brasília, que possui o maior lixão da América Latina – e, desde o fim do prazo, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) tem reivindicado uma flexibilização. A justificativa é a falta de recursos e apoio da União e dos Estados, já que o custo para transformar todos os lixões em aterros sanitários é estimado em R$ 70 bilhões.

Até agora, o pedido surtiu efeito. No dia 14 de outubro a Câmara aprovou a prorrogação de mais quatro anos para cumprimento da lei, que foi incluída na MP...

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Onde está a biodiversidade?

Cúpula do Clima termina com compromissos, mas Brasil não assina carta. Foto: Palazzochigi

A 12ª Conferência da Convenção das Partes sobre Diversidade Biológica, conhecida também como COP12 ou COP da Biodiversidade, já está acontecendo a uma semana na Coreia do Sul, mas quase não se ouve falar dela por aqui. Em meio às disputas do segundo turno das eleições, todo o resto virou pano de fundo. E é este o papel que o país com a maior biodiversidade do mundo está exercendo no mais importante evento sobre o tema: o de coadjuvante. Ao não ratificar o Protocolo de Nagoya, do qual já falamos por aqui, o país se tornou apenas ouvinte, sem poder de voto e de propor medidas que ajudem a preservar um dos nossos grandes patrimônios.

Vale lembrar que o Brasil também não assinou a Carta de Nova Iorque, após as discussões da Cúpula do Clima, no final do mês passado e deu acenos de que não fará mais do que já vem sendo feito. Talvez este seja um lembrete de que o assunto não é, nem de longe,...

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Passo peso pesado

Há dois dias esgotamos o orçamento de recursos naturais disponíveis para 2014 e, a partir desta data, a Terra opera no vermelho, sem poder repor tudo aquilo que vamos consumir. A medição já é feita há 14 anos pela organização Global Footprint Network, que chama a data de Dia da Sobrecarga da Terra, ou seja, dia em que a pegada ecológica da humanidade excede a capacidade do planeta de repor recursos naturais e absorver resíduos, incluindo o dióxido de carbono (CO2).

Já falamos do assunto na revista Cidade Nova do ano passado, mas é sempre bom revisar o que significa essa tal de pegada ecológica:

Revista Cidade Nova, junho de 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como o problema já está aí, vale a pena adotar algumas medidas, apresentadas pelo WWF, para deixar a pegada mais "leve":

  1. Pegue leve com os hábitos

Quando for as compras, habitue-se a verificar no rótulo o número de registro no IBAMA, assim, você estará respeitando o direito do consumidor além de estar fazendo uma compra responsável. Dê...

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Para viver mais, prenda a respiração

Foto: Marcelo Camargo?ABr

Nos próximos 16 anos o que vai matar seis vezes mais paulistas do que a AIDS? Parece improvável, mas a resposta correta é a poluição do ar. Uma projeção inédita do Instituto Saúde e Sustentabilidade, realizada por pesquisadores da USP, e divulgada esta semana mostrou que até 256 mil pessoas irão morrer no estado de São Paulo por conta do problema. Ele ainda irá provocar a internação de 1 milhão de pessoas e gastos públicos aproximados de R$ 1,5 bilhão. E o cenário que os pesquisadores tomaram como base não é dos piores, ou seja, as projeções foram feitas em cima de uma probabilidade de redução da poluição atmosférica.

Em 2012, um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) já alertava para o fato de a poluição do ar se tornar a principal causa ambiental de mortalidade no mundo em 2050. A própria organização apresentou algumas medidas, ainda engatinhando no Brasil, como a regulação das emissões por veículos automotores e os...

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Sobre

Estamos em processo de adaptação ao planeta Terra e ainda precisamos aprender a conviver e cuidar dele da mesma forma que cuidamos de uma criança ou um idoso. Ele é um sistema vivo, no qual todas as partes interagem, inclusive conosco. E o cuidado é essencial, mais do que a razão e a vontade. Mas para cuidar é preciso conhecer. Por isso, este blog se propõe dialogar sobre meio ambiente, destacando fatos importantes para quem quer ambientar-se ainda mais com a nossa casa.

Autores

Ana Carolina Wolfe

Formada em jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR), é repórter de Cidade Nova desde 2011. Começou a se interessar por meio ambiente em 2002. Desde então, se apaixonou pela “tradução” de temas ambientais ao público. Hoje, além de Cidade Nova, atua como assessora de imprensa em um centro de pesquisa voltado ao agronegócio e como diretora na ONG Florespi.