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Avanço tímido do saneamento básico nas maiores cidades brasileiras compromete universalização

Novo Ranking do Saneamento Básico do Instituto Trata Brasil analisa série histórica e constata avanços inexpressivos na maior parte dos grandes municípios

por Redação   publicado às 14:03 de 28/04/2015, modificado às 14:03 de 28/04/2015

O novo Ranking do Saneamento Básico (base SNIS 2013), publicado pelo Instituto Trata Brasil (ITB) em parceria com a GO Associados, avalia os serviços de água e esgoto dos 100 maiores municípios do país e os resultados mostram que os avanços continuam tímidos se pensarmos em atingir a universalização dos serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos em 20 anos (prazo do Plano Nacional de Saneamento Básico – 2014 a 2033).
 

Estação de Tratamento de Esgoto em Campos do Jordão. Foto: Edson Lopes Jr./GOVESP (22/03/2014)

O estudo realizou uma simulação da possível universalização do saneamento para as 20 melhores e 20 piores colocadas no ranking. Os resultados mostraram que das 20 cidades melhor colocadas, oito já atingiram a universalização e as outras doze se encaminham para atingi-la nos próximos anos.

Nas 20 últimas posições, no entanto, onde estão capitais como Manaus (AM), Teresina (PI), Macapá (AP), Belém (PA) e Porto Velho (RO), nenhum município atingiria a universalização dos serviços até 2033, caso mantivessem os níveis de avanços de 2009 a 2013.

A situação dos serviços piorou em muitas das grandes cidades brasileiras em relação ao último ranking do saneamento, publicado em 2014, o que compromete o avanço médio dos indicadores nacionais de 2009 a 2013. 

De acordo com os dados do Ministério das Cidades (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS), em 2013, 82,5% da população do país era abastecida com água tratada, ou seja, mais de 35 milhões de brasileiros não possuíam este serviço. Em relação à coleta dos esgotos, 48,6% da população recebia este serviço, totalizando quase 100 milhões de brasileiros fora da conta. A situação se agravou em relação aos esgotos tratados, que segundo os dados oficiais, são apenas 39% dos esgotos, isto é, mais de 5 mil piscinas olímpicas de esgotos não tratados foram jogadas por dia na natureza naquele ano.

Ao trazer esta realidade para as 100 maiores cidades do país, onde vive 40% da população brasileira, nota-se que as situações mais críticas permanecem em cidades do Norte e Nordeste, com várias capitais ocupando as piores colocações. O Sudeste é a região que concentra a maior parte das melhores cidades em saneamento (14 entre as 20 melhores).

Investimentos
Os dados do Ministério das Cidades demonstra que, em 2013, os investimentos totais em saneamento no país foram da ordem de R$ 10,47 bilhões, dos quais 48% foram investidos nas 100 maiores cidades. No entanto, nesses municípios, a relação média entre investimentos e arrecadação caiu de 32% em 2012 para 28% em 2013.

54 deles investiram 20% ou menos do que arrecadaram na expansão ou manutenção dos serviços. Seis municípios investiram mais de 80% do que arrecadam. O ponto positivo foi ver cidades que precisam avançar muito em saneamento investir valores importantes (Boa Vista, Recife, Mossoró, Macapá, entre outros). Por outro lado, é preocupante a informação de que dez grandes cidades praticamente não investiram nada do que arrecadaram na melhoria ou expansão dos serviços, sobretudo os municípios de Várzea Grande, Pelotas e Santarém que não reportaram investimentos em 2013. 

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Tags:

saneamento básico, esgoto, Trata Brasil, coleta, relatório, tratamento de água