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Coordenador humanitário da ONU no Sudão do Sul relata situação crítica

No total, cerca de 75,4 mil pessoas estão abrigadas em bases da ONU pelo país. Violência teve início em dezembro, com confrontos entre forças do presidente Salva Kiir e militares leais ao ex-vice-presidente Riek Machar.

por ONU Brasil   publicado às 08:00 de 01/03/2014, modificado às 09:43 de 01/04/2014

“Chocante”. Foi assim que o coordenador humanitário das Nações Unidas para o Sudão do Sul, Toby Lanzer, descreveu, na última quinta-feira (27), o que viu durante uma visita a um hospital de ensino em Malakal. A delegação das Nações Unidas só encontrou cadáveres no local. A cidade parecia deserta após um ataque.

Deslocados em base da ONU no Sudão do Sul. Foto: ACNUR/K.McKinsey

“É triste e indescritível testemunhar este tipo de situação e também é triste ver uma cidade, que era viva e movimentada, deserta e transformada em uma cidade fantasma”, afirmou Lanzer, que foi até a unidade acompanhado por representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O objetivo da visita, na sequência de um ataque à capital do estado do Alto Nilo, era avaliar a situação das pessoas deslocadas pela violência, que teve início em dezembro, com confrontos entre forças do presidente Salva Kiir e militares leais ao ex-vice-presidente Riek Machar.

Além do hospital, a delegação também visitou a Igreja Cristo Rei, onde mais de 800 deslocados buscaram abrigo antes de serem transferidas para o complexo da Missão da ONU no Sudão no país (UNMISS). A instalação da missão de paz na cidade protege atualmente mais de 22 mil civis. No total, cerca de 75,4 mil pessoas estão abrigadas em bases da ONU pelo país.

Lanzer também visitou a cidade de Bor, no estado de Jonglei. Lá, encontrou quatro grandes valas comuns e o distrito comercial completamente destruído. Entretanto, o coordenador humanitário notou algum sinal de atividade comercial, com alguns civis nas ruas e outros trabalhando. Ele acrescentou que, no entanto, cerca de 1,2 mil pessoas estão fugindo do estado diariamente para buscar abrigo em Awerial County, no estado de Lakes.

A subsecretária-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, também expressou preocupação com a situação humanitária no país e disse que, apesar do recente acordo de cessar-fogo, as vidas de milhões de civis estão ameaçadas pela falta de alimentos, surtos de doenças e pela violência contínua.

“O povo do Sudão do Sul quer paz e estabilidade e eles querem que este conflito termine. Espero que os que lutam coloquem as pessoas em primeiro lugar e parem com a indescritível violência que está sendo cometida contra mulheres, crianças e homens comuns”, afirmou Amos.

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