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Iniciativas buscam acabar com recrutamento de crianças-soldado no Sudão do Sul

Em visita ao país, o ator Forest Whitaker e representantes da ONU dialogam com o governo e desenvolvem projetos de fomento ao desenvolvimento sustentável e à cultura de paz

por ONU Brasil   publicado às 10:37 de 26/06/2014, modificado às 11:30 de 26/06/2014

O apoio à construção da paz e a proteção e educação das crianças afetadas pelo conflito no Sudão do Sul são o foco principal da visita conjunta da diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, da representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para Crianças em Conflitos Armados, Leila Zerrougui, e do ator americano, fundador e diretor-executivo da Iniciativa Whitaker para a Paz e o Desenvolvimento, Forest Whitaker.

Crianças sul-sudanesas em campo de refugiados no norte do país. Foto: ONU//Martine Perret

O grupo – que esteve no país entre 22 e 24 de junho – se reuniu com ministros do governo para debater a mobilização de recursos nacionais e internacionais para programas de educação. A proteção de crianças e o treinamento educacional e vocacional são cruciais, em um país onde o desemprego juvenil e a baixa escolaridade alimentam tensões persistentes e impedem que as pessoas vivam com dignidade. A taxa de meninas matriculadas é especialmente baixa: apenas uma em cada dez termina a educação primária.

A representante especial, que ficará no Sudão do Sul até 27 de junho, tem a missão adicional de avaliar o impacto do conflito nas crianças, acompanhar a implementação do plano de ação assinado pelo governo para dar fim ao recrutamento e o uso de crianças nas forças armadas do país e dar apoio ao trabalho das Nações Unidas.

Outro enfoque da visita visa criar conscientização sobre os ataques à educação e o uso militar das escolas. A ONU abriu as suas portas para uma visita dos jornalistas a um dos campos de proteção de cidadãos, dentro da base da Organização na capital Juba, onde vivem mais de 30 mil pessoas deslocadas pelo conflito e pelas desavenças étnicas. A visita ressaltou os efeitos do deslocamento de crianças e jovens, bem como a necessidade de assegurar o direito à educação. Em algumas áreas do Sudão do Sul, escolas são consideradas locais perigosos, onde facções em guerra recrutam crianças-soldado.

Finalmente, a missão marcou o início de três parcerias entre a Fundação de Whitaker e as Nações Unidas. Uma delas é a campanha Crianças, não Soldados, em que o Sudão do Sul será um dos países contemplados. Essa iniciativa, lançada em março de 2014 pela representante especial e pelo Fundo da ONU para a Infância (UNICEF), tem o objetivo de dar fim ao recrutamento e à utilização de crianças em conflitos pelas forças do governo até 2016.

A Iniciativa Whitaker para a Paz e o Desenvolvimento lançará também no país um programa pioneiro, o Cinema para a Paz, dando seguimento às bem recebidas sessões comunitárias de cinema da UNESCO. A contribuição para a construção da paz ocorrerá por meio de sessões de filmes sobre paz, prevenção de conflitos e reconciliação, seguidas de debates interativos e dramatizações para sensibilizar o público quanto aos valores e princípios subjacentes à cultura de paz e não violência.

Outra das iniciativas, a Rede de Jovens Pacificadores, criada por Whitaker em parceria com a UNESCO, e as empresas Ericsson e Zain, treinará jovens para se tornarem líderes de projetos comunitários que fomentem o desenvolvimento sustentável, a educação, o patrimônio cultural e o diálogo intercultural, assim como a melhora no acesso à informação e à comunicação.

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onu, educação, violência, Sudão do Sul, paz, diálogo, crianças-soldado