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Homenagem a vítimas marca 69º aniversário do bombardeio atômico de Hiroshima

Cerimônia foi realizada sob chuva no Parque Memorial da Paz de Hiroshima e teve como tema central o desarmamento nuclear e o caráter pacifista da Constituição do Japão

por Agência Brasil*   publicado às 14:52 de 06/08/2014

O bombardeio atômico da cidade japonesa de Hiroshima pelos Estados Unidos durante a 2ª Guerra Mundial completa 69 anos hoje (6). Uma cerimônia em homenagem às vítimas foi realizada sob chuva no Parque Memorial da Paz em Hiroshima e teve como tema central o desarmamento nuclear e o caráter pacifista da Constituição do Japão.

À esquerda, um monumento em homenagem às vítimas, no Parque Memorial da Paz, em Hiroshima. Ao fundo, construção conhecida como "Cúpula da Bomba Atômica", única que permaneceu em pé na área em que a primeira bomba explodiu. Foto: sherrymain/Flickr

Cerca de 45 mil pessoas compareceram ao evento, que teve a presença do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. Uma lista contendo 292.325 nomes de vítimas do bombardeio foi colocada em um cenotáfio - um tipo de monumento fúnebre. Incluem-se aí 5.507 pessoas que foram acrescentadas neste ano.

Os participantes fizeram um minuto de silêncio às 8h15, a hora local exata em que o avião B-29, que tinha o nome de Enola Gay, lançou, em 6 de agosto de 1945, o Little Boy, nome com que os Estados Unidos batizaram a bomba.

Em sua declaração de paz, o prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, chamou a bomba atômica de "mal absoluto" que privou muitas pessoas de suas vidas e transformou a existência dos sobreviventes em um tormento.

Matsui conclamou as pessoas a se comunicarem, pensarem e trabalharem com os sobreviventes da bomba atômica em prol de um mundo pacífico sem armas nucleares e guerras. Ele recordou que, no próximo ano, está prevista a revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, coincidindo com a comemoração dos 70 anos do bombardeio atômico.

"Cúpula da Bomba Atômica", única construção que permaneceu em pé na área em que a primeira bomba atômica explodiu. Foto: themonnie/Flickr

Por outro lado, o dirigente destacou o lado pacifista da Constituição japonesa depois de o governo central ter impulsionado uma controversa reinterpretação da Carta para reforçar o papel das forças de defesa.

“O nosso governo deve aceitar o fato de termos podido evitar a guerra durante 69 anos devido ao nobre pacifismo da Constituição japonesa”, disse. Kazumi Matsui pediu que o Japão continue como uma nação que preza a paz, sem citar diretamente o direito à autodefesa coletiva.

Em seu discurso, o premiê Shinzo Abe afirmou que o Japão carrega a responsabilidade de concretizar, sem fracassar, um mundo sem armas nucleares, na condição de único país ao longo da história a ter vivenciado os horrores de um ataque atômico. Ele se comprometeu a promover mais esforços por um mundo livre de armas nucleares.

Também estiveram presentes à cerimônia sobreviventes do ataque norte-americano, a embaixadora dos Estados Unidos, Caroline Kennedy, e representantes de outros 67 países, entre os quais algumas potências nucleares como o Reino Unido, a Rússia e a França.

Caroline Kennedy, que assumiu o posto diplomático em novembro, visita pela primeira vez Hiroshima e é a segunda embaixadora norte-americana a assistir às cerimônias, depois de John Ross em 2010.

* Com informações das agências Lusa e NHK

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paz, segunda guerra mundial, hiroshima, bomba atômica, memorial