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Campanha da Fraternidade 2023 incentiva diálogo e ações pelo combate à fome

O jornalista Luís Henrique Marques apresentou histórias e dados que enfatizam o impacto que a ausência de uma solução sistêmica traz à população que sofre com a fome.

por Teresa Breda   publicado às 11:50 de 10/02/2023, modificado às 13:09 de 10/02/2023

“No país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, metade da população não sabe como vai se alimentar todos os dias”.

Assim se inicia o vídeo de apresentação da Campanha da Fraternidade 2023 que este ano debate “Fraternidade e Fome”. No contexto atual, o tema veio de encontro à crise humanitária registrada pelo povo Yanomami em Roraima que tomou a mídia no final de janeiro. Os alertas sobre a tragédia vinham sendo ignorados desde 2019 e desencadeou tristes números divulgados pelo Ministério dos Povos Indígenas, entre eles a marca de 100 crianças yanomamis que morreram apenas em 2022 por desnutrição, diarréia ou pneumonia. 

A tragédia registrada em Roraima escancara em números e imagens a tristeza da fome no Brasil, apresentando a sensibilidade da Campanha de Fraternidade e sua urgente necessidade em alcançar os principais setores da sociedade, pois a fome tem pressa. 

A Revista Cidade Nova trouxe na capa da primeira edição de 2023 sua reflexão acerca do tema da campanha com a reportagem  “Combate à desnutrição precisa ser sistêmico”. O jornalista Luís Henrique Marques apresentou histórias e dados que enfatizam o impacto que a ausência de uma solução sistêmica traz à população que sofre com a fome. A seguir você confere um pedaço da reportagem que está disponível na edição 681 da Revista: 

POR POUCO o pequeno Miguel, hoje com um ano e seis meses, não sobreviveu à desnutrição, conta a mãe Karina cujo sobrenome preferimos omitir. Graças ao atendimento e às orientações que ela recebeu no Centro de Recuperação e Educação Nutricional (Cren), na periferia de São Paulo, o menino, que nasceu bem abaixo do peso, conseguiu superar o problema (Confira quadro nesta matéria). “Agradeço muito aos profissionais do Cren; sem eles, eu teria perdido o meu filho”, testemunha Karina. Mãe solo, ela tem ainda três outras meninas: Eduarda (de 14 anos) e as gêmeas Marina e Mariana (de 12) e, no momento em que esta reportagem foi produzida, estava desempregada. 

É fato que muitas famílias ao redor do Brasil, em situação semelhante à de Karina, não tiveram a mesma sorte que ela diante do grave problema da fome (ao qual os especialistas preferem chamar de desnutrição). De fato, segundo relatório divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), em abril de 2022, em apenas 41,3% dos domicílios brasileiros os moradores estavam em condição de segurança alimentar. Em outros 58,1% desses domicílios, viviam em algum nível de insegurança alimentar, e em 15,5%, se encontravam em estado de fome. Em números absolutos, essa última percentagem representa mais de 33 milhões de brasileiros, o que corresponde à população de sete entre as maiores cidades do País: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e Manaus. 

Esses e outros dados sobre a atual situação de desnutrição no Brasil estão publicados no texto-base da Campanha da Fraternidade (CF) destedesse ano, cujos tema e lema são respectivamente “Fraternidade e fome” e “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16)., respectivamente. É a terceira vez em sua história que a CF aborda essa temática; as edições anteriores foram em 1975 e 1985. O coordenador da equipe de redação desse documento, padre Jean Poul Hansen, salienta que, a exemplo das demais campanhas, o tema da CF 2023 foi escolhido dois anos antes da sua realização. 

Hansen explica que, de acordo com os protocolos internacionais de segurança alimentar e nutricional, a fome é determinada pelo fato de que a própria pessoa que sofre desse mal declaradeclara ser incapaz de garantir quando será a sua próxima refeição e a de sua família. Além disso, também segundo esses protocolos, “somente a própria pessoa pode dizer que passa fome”. Considerando que o Brasil está entre um dos maiores produtores agropecuários do mundo (é o 3º em produção de grãos e o 1º em proteína animal), esses dados representam um escândalo, sentencia o sacerdote. 

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fome, campanha da fraternidade