Antes de postar o a segunda parte do texto da pedagoga Viviam Coloma, quero dividir com vocês a minha opinião sobre “leitura”.
Acredito que a leitura seja um direito fundamental do cidadão e a principal via de acesso ao conhecimento e à cultura. O livro é a porta de entrada para o conhecimento. Através da leitura ou ouvindo histórias, a criança viaja para cantos da imaginação ou do pensamento jamais visitados, alcançando horizontes e fazendo descobertas que podem levá-la sempre mais e mais além.
Nós, editoras voltadas ao publico infantil e juvenil, temos um compromisso que vai muito além de colocar bons livros no mercado. Devemos, antes de tudo, estar atentos aos projetos de incentivo à leitura, sejam eles de iniciativa privada ou pública. Sem leitores não existe construção do conhecimento, a informação não circula, a cultura não é algo palpável. Sem o hábito da leitura desde cedo, fica muito difícil formarmos cidadãos reflexivos e sem reflexão não há evolução. Sem reflexão não existe o conhecimento de si próprio e o olhar ao outro, tão próximo de nós.
Temos urgência em derrubar o conceito de que ler é chato.
NÃO! Ler não é chato! Ler é acesso ao universo, ler é tornar-se cidadão do mundo, é viajar sem sequer arrumar as malas. Temos que formar leitores, mas também formar professores comprometidos com o prazer de ler. Temos que criar professores cobradores de sonhos e não de leituras. Temos que dar às crianças ferramentas para que os sonhos se tornem realidade e, nesse caso, creio que a leitura seja a ferramenta mais poderosa.
Pais, professores e mediadores de leitura, nosso post de hoje é para vocês!
A exploração da linguagem verbal – parte II
Por Viviam Coloma
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS:
1-Ler para a criança é antes de tudo um ato de generosidade e de responsabilidade dos pais, mediadores de leitura e professores que, ao emprestarem a voz para que o autor fale às crianças, também asseguram a elas o direito de ingressarem nesse universo letrado, antes mesmo de saberem os nomes das letras;
2-É na roda de leitura que as crianças ampliam o repertório de histórias desde os contos tradicionais de fadas, até os populares brasileiros e de outras culturas, o título de alguns dos autores da literatura infantil;
3-De maneira contínua, organizada e intencional de leitura, o professor ou o mediador de leitura possibilita às crianças o conhecimento de um repertório significativo de histórias, como também, a aprendizagem de procedimentos e comportamento de leitores;
4- A roda de leitura deve ser permanente, com frequência diária, E QUE SEJA BEM PLANEJADA, considerando todas as possibilidades de aprendizagem em seus três momentos: antes, durante e depois da leitura do professor ou mediador de leitura;
5-Não há necessidade de o professor ou mediador de leitura virar folha por folha todas as ilustrações para mostrá-las às crianças – além de interromper o fluxo da leitura, esse gesto pode interferir no exercício de imaginar o que se está ouvindo;
6-É importante que o professor ou mediador de leitura se preocupe com a qualidade literária, escolha bons livros, conheça o texto e prepare a leitura com antecedência, evitando gagueiras e improvisações;
7-No início ele (professor ou mediador) pode compartilhar no grupo os motivos de sua escolha, fazer comentários sobre o texto e as ilustrações, oferecendo informações adicionais sobre o tema e o autor;
8-O professor ou mediador de leitura deve se preocupar com a entonação, mostrando-se surpreso, interessado, emocionado. Deve manter-se fiel ao texto, explicando a diferença entre ler e contar histórias;
9-Após a leitura o professor ou mediador pode comentar e opinar sobre o que leu, colocando seus pontos de vista;
10-Por fim pode se disponibilizar o exemplar para que as crianças possam explorá-lo.
IMPORTANTE: PODE-SE ORGANIZAR RODAS NO PARQUE, EMBAIXO DAS ÁRVORES, NO CHÃO DA SALA, DELIMITAR O ESPAÇO COM TAPETE, ALMOFADAS, CÍRCULO COM CADEIRAS, O IMPORTANTE É QUE TODAS AS CRIANÇAS VISUALIZEM O PROFESSOR OU MEDIADOR.
USO E PRÁTICAS DA LINGUAGEM ESCRITA:
Todo o conhecimento adquirido nas rodas de leitura, não é como comumente se pensa, diretamente transferido para o contexto de produção escrita. Ser bom leitor é condição necessária, mas não suficiente para saber escrever ou expressar-se em linguagem escrita. Por esse motivo é importante apresentar contextos nos quais tenha sentido para a criança como, histórias, parlendas, receitas, texto e imagem, revistas em quadrinhos etc.
A ESCRITA DO NOME PRÓPRIO:
A escrita do próprio nome é a mais importante conquista de uma criança que entra no mundo das letras. Por isso, é importante o fazermos na educação infantil e pelos seguintes motivos: o nome representa uma pessoa, o conjunto de letras diz algo sobre sua identidade. Os nomes tem função social bem clara: identificar as pessoas e seus pertences.
Para a criança que está refletindo sobre o sistema alfabético, o nome é a fonte mais segura:
1-uma palavra estável;
2-não tem plural;
3-não tem gênero;
4-vai usar sempre as mesmas letras.
Através do nome a criança começa a compreender como a escrita funciona, porque tem um modelo para pensar:
1-ela começa a copia-lo, desenhando-o tal como o vê;
2-aos poucos observa algumas regularidades (letras que se repetem);
3-que há uma ordem, uma sequência de letras;
4-que as letras de seu nome aparecem em outros nomes;
5-esse saber faz com que a criança pense sobre a escrita e comece a escrever outras palavras.
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS:
1-Ter contato progressivo com a escrita do nome;
2-que aprendam a grafá-lo;
3-cartaz com prega com os vários nomes em ordem alfabética e letra bastão (uma filipeta) para que o tamanho da filipeta varie em função do nome, dando aos alunos uma importante pista sobre a organização das letras;
4- sempre que tiver produções em papel, sugerir que é possível (se quiser) escrever o seu nome, mesmo que não saibam, coloque-se como escriba, mostrando como se faz;
5-toda vez que o professor usar a escrita no seu cotidiano, explicar seus procedimentos, para elas irem pensando sobre seus usos e práticas( um bilhete, uma receita de remédio, lista de alunos etc;
6- apresentar vários tipos de publicações, como, jornal, cartazes, folhetos, textos publicitários, entre outros;
7-quando observarem que já podem sugerir que tente escrever não convencionalmente, brincarem com a escrita;
8-ter cartazes com músicas que mais gostam;
9-parlendas para ler e acompanhar com o dedo;
10-regras de jogos ou combinados.
*Viviam Coloma é pedagoga, responsável pela direção pedagógica da Escola Peixinho Vermelho(São Paulo, SP) há 35 anos.