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Mulheres impulsionam geração de renda no noroeste do Mato Grosso

Premiado pela Fundação Banco do Brasil, o trabalho da Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia influencia comunidades vizinhas e estimula engajamento

por EcoDesenvolvimento   publicado às 15:14 de 20/08/2014, modificado às 15:17 de 20/08/2014

No assentamento Vale do Amanhecer, em Juruena, a 930 km de Cuiabá (MT), cerca 120 integrantes da Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia (AMCA), dedicam-se ao beneficiamento, produção, empacotamento e comercialização de produtos e derivados da castanha do Brasil, também conhecida como castanha-do-pará.

Projeto Cultivação já implantou dez hortas esse ano e irá implantar mais dez até meados de 2015. Foto: Divulgação

Vencedora da sexta edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil, a iniciativa é uma alternativa sustentável para a preservação da reserva legal de 7.500 hectares do assentamento, geração de renda e mobilização social das mulheres da região. Além de amêndoas, as associadas produzem biscoitos de castanha doce e salgado e macarrão de castanha-do-pará, iguaria criada por elas sob orientação de nutricionista.

“As mulheres tinham o sonho de fazer macarrão de castanha do Brasil, mas o equipamento era muito caro. Com o prêmio foi possível comprar equipamentos, inclusive a máquina secadora de massa. Também foi possível melhorar a estrutura do espaço e as condições de trabalho com ventiladores, ar condicionado e computador para o escritório”, explica Lucineia Machado, coordenadora da AMCA.

Pelo menos 60 mulheres trabalham diretamente na fábrica, com renda variável entre R$ 800 e R$1.200 por mês. “Elas trabalham por produção, o que ajuda muito, pois podem conciliar os horários. Umas trabalham apenas enquanto os filhos estão na escola; outras, que têm tarefas como casa, horta e atividades na propriedade, trabalham meio período”, esclarece a coordenadora.

Os produtos são distribuídos para escolas públicas, redes de proteção social e pastorais. Após o investimento, a produção, que em 2011 alcançava 18 mil pessoas, hoje chega a 42 mil. A expectativa da Associação é comercializar, em 2014, aproximadamente, 31 toneladas de biscoitos, 16 toneladas de castanhas e 10 toneladas de macarrão, o equivalente a R$ 600 mil.

Protagonismo feminino

Vencer a categoria “Mulheres na Gestão de Tecnologia Social” do Prêmio FBB gerou, nas comunidades vizinhas, uma onda de engajamento em torno da construção de políticas públicas. “A mobilização também é resultado de termos vencido o prêmio, pois isso possibilitou entender a importância da participação e do envolvimento. Mulheres unidas conseguem conquistar muito mais coisas”, avalia Lucineia.

Desde então a metodologia começou a ser multiplicada. Um exemplo é o da comunidade do assentamento Somapar, também localizado em Juruena, onde a tecnologia social “Mulheres da Amazônia” foi reaplicada e um novo grupo foi constituído - a Associação de Mulheres Andorinhas do Canamã (AMAC).

A nova Associação recebe incentivo da AMCA por meio do Projeto Cultivação, que já implantou dez hortas neste ano e irá implantar mais dez até meados de 2015. “A produção está sendo comercializada diretamente pelas associadas na feira local e restaurantes“, comenta a coordenadora.

Outro exemplo de mobilização foi a formação da Rede de Mulheres Rurais e Indígenas, envolvendo os assentamentos 13 de Maio, Somapar, Vale do Amanhecer e as etnias Apiaka, Munduruku e Cinta Larga.

Na Rede, mulheres trocam experiências, compartilham saberes e debatem temas como geração do trabalho e renda, autonomia, economia solidária ou violência contra a mulher. Em julho, a Rede realizou, no assentamento Vale do Amanhecer, o I Encontro de Mulheres Rurais e Indígenas do Noroeste de Mato Grosso e o I Seminário Protagonismo de Mulheres.

Texto original editado pela Cidade Nova.

 
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mobilização, tecnologia social, preservação, assentamento, mato grosso, geração de renda, castanha-do-pará